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I SÉRIE — NÚMERO 8

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Bem sei que há palavras que muito dificilmente se podem pronunciar no atual contexto, mas este País

precisa de se reencontrar com a esperança. Não com a ilusão, não com promessas balofas e inexequíveis,

não com propostas que o País já percebe que não são praticáveis. Hoje, temos um dado importante na

sociedade portuguesa: o País tem consciência das dificuldades, o País está, todo ele, disponível para seguir

por um caminho exigente, um caminho difícil e com alguns sacrifícios. Mas o que o País quer é que haja

sentido nesse caminhar e que haja um horizonte de esperança que, no final, seja a referência da nossa

intervenção política. E esse é o papel do Partido Socialista. Esse tem sido o caminho que o Partido Socialista

tem vindo a seguir na sociedade portuguesa.

Por isso, Sr.as

e Srs. Deputados, o Sr. Primeiro-Ministro chegou aqui enfraquecido. Não vai sair daqui

seguramente mais forte.

Aplausos do PS, de pé.

A Sr.ª Presidente: — Sr. Deputado Francisco de Assis, o Sr. Deputado Luís Menezes, do PSD, inscreveu-

se para pedir esclarecimentos, mas o Sr. Deputado não dispõe de tempo para responder. Se o PSD ceder

tempo ao PS…

Pausa.

Então, vamos prosseguir. A próxima intervenção é do Sr. Ministro de Estado e das Finanças.

Tem a palavra, Sr. Ministro.

O Sr. Ministro de Estado e das Finanças (Vítor Gaspar): — Sr.ª Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados: Na

minha perspetiva, verificou-se, em setembro, uma manifestação extraordinária de vontade, de dignidade e de

mobilização do povo português. O povo português revelou-se o melhor povo do mundo e o melhor ativo de

Portugal.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

Risos do PS.

Na minha perspetiva, os portugueses exigem um debate real e profundo sobre a situação e as perspetivas

do País. Os portugueses exigem a verdade. Os portugueses só poderão ficar desiludidos se o que tirarem

deste debate, hoje, for intriga parlamentar e teatro partidário.

Vozes do PSD: — Muito bem!

Protestos do PS.

O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — Pela minha parte, quero contribuir para que as opções e os

caminhos apareçam com clareza para os portugueses hoje. Deste ponto de vista, parece-me crucial olhar,

com clareza e precisão, para as alternativas que são hoje apresentadas ao País pelos proponentes destas

moções de censura.

Parece-me, em primeiro lugar, que estas moções de censura se repartem entre negar o problema

fundamental de Portugal neste momento, um problema de financiamento e de excesso de dívida,…

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Ah, pensei que era o do desemprego!

O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — … ou postular que esse problema é milagrosamente

resolvido pela ideia da renegociação da dividida.

Examinemos, então, essa alternativa, o que é que ela significa.