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I SÉRIE — NÚMERO 8

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A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro das Finanças, o senhor demonstrou

hoje, aqui, que não sabe ouvir nem sabe interpretar as mensagens, designadamente as que foram ditas e

vividas, no mês de setembro, nas ruas de Portugal.

Portanto, se não sabe ouvir nem interpretar essas mensagens, como é que pode ter capacidade para

implementar uma política, designadamente ao nível fiscal, mas também com repercussões económicas e

sociais graves, para salvar o País? Não pode!

Vamos, então, falar de algumas patologias de que já tínhamos falado no outro dia por iniciativa do Sr.

Ministro.

Não sei se o Sr. Ministro estava a falar a sério ou se estava a ironizar — para não dizer «gozar», que talvez

fique um bocadinho mal, mas, se calhar, talvez seja a palavra mais aproximada da verdade — quando disse

que, dadas as manifestações que tiveram lugar em setembro, estávamos perante o melhor povo do mundo.

Sr. Ministro, eu não sei se reparou que o senhor não estava lá. Então, o Sr. Ministro não estará entre os

melhores, estará entre os piores! Parece que foi isso que as pessoas disseram na rua, que o Sr. Ministro está

entre os piores de Portugal! O que os portugueses fizeram na rua foi lançar uma grande mensagem de

censura ao Governo, a mesma mensagem que está hoje a ser traduzida na Assembleia da República. Então,

o Sr. Ministro diz que estamos perante o melhor povo do mundo face à mensagem que lançaram e, aqui, o

que é que diz das moções de censura? Parece que somos nós aqueles que não ouvimos bem! Ou o Sr.

Ministro está aqui perante uma incoerência total e já nem sabe aquilo que há de dizer para agradar às

pessoas? As pessoas não se agradam com adjetivos — «o melhor povo do mundo»! E pensa que agora

começa o País todo a aplaudir porque o Sr. Ministro o adjetivou assim? Não! Os portugueses não querem

adjetivos, querem políticas eficazes para sairmos deste buraco em que o Governo insiste em manter-nos.

E o Sr. Ministro não se esqueça daquilo que anunciou para o ano de 2013 — aquele ano que o Sr. Ministro

prometia que já seria melhor: prometeu mais impostos, mais pobreza, mais desemprego e mais recessão.

Sr. Ministro, o Governo tem de ir embora!

Vozes do PCP: — Muito bem!

A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro de Estado e das Finanças.

O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — Sr.ª Presidente, Sr.as

Deputadas e Srs. Deputados, tomo

boa nota de que as questões cruciais que se colocam perante o País,…

O Sr. Francisco Louçã (BE): — Como o aumento de impostos!

O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — … e que eu tentei caracterizar o melhor que pude, foram

completamente ignoradas pelos partidos que apresentaram as moções de censura.

O Sr. Deputado Honório Novo passou de questões de arredondamento para erros colossais e invocou a

ideia de certeza absoluta e de infalibilidade. Essa é, efetivamente, uma caraterística que eu não tenho,…

O Sr. Honório Novo (PCP): — É essa a sua postura!

O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — … sendo das minhas frases favoritas uma de Bertrand

Russell que diz ser um problema geral no mundo — estou a citar de cor e, portanto, posso estar a ser incorreto

para com o filósofo — aqueles que sabem estarem cheios de dúvidas enquanto os ignorantes estão cheios de

certezas.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

Protestos do PCP e do BE.