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6 DE OUTUBRO DE 2012

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Não posso assegurar que eu seja dos que sabem, mas posso assegurar que tenho imensas dúvidas e

procuro ouvir com imensa atenção.

Relativamente à questão das mensagens que vêm das manifestações de setembro, parece-me que a mais

forte é a de que é crucial para este País livrar-se da troica o mais depressa possível.

Aplausos do PSD.

O Sr. Honório Novo (PCP): — Isso é bem verdade!

O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — Essa aspiração tem data: junho de 2014. E isso consegue-

se ao poder prescindir-se da assistência dos credores oficiais.

Vozes do PSD: — Muito bem!

O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — Precisamos de resolver esse problema, que seria agravado

dramaticamente pelas soluções propostas pelos proponentes das moções de censura.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João Semedo.

O Sr. João Semedo (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo:

Acabámos de ouvir o Sr. Ministro de Estado e das Finanças e as minhas primeiras palavras são para

reconhecer as suas evidentes manifestações de autismo, arrogância e mesmo insolência.

Mas, ao contrário, as suas ameaças e as suas palavras constituem um caminho para mergulhar o País

numa catástrofe social de enormes proporções.

Perante o desastre de uma política que falhou todas as metas e todos os objetivos, o Sr. Ministro de Estado

e das Finanças tem como solução mais do mesmo, mas desta vez com uma pequena inovação: do mesmo,

mas mais forte!

O Sr. Ministro de Estado e das Finanças fala de um País que não reconhecemos: diz que as medidas do

Governo são um sucesso; as avaliações da troica são mais que excelentes; o ajustamento está a ser mais

rápido do que o previsto; e do colapso económico em que o País caiu vai florescer uma economia muito

competitiva.

Sr. Ministro de Estado e das Finanças, pode não ser delírio mas é, certamente, a fantasia a tomar conta do

seu pensamento e do seu discurso político.

E como tudo corre bem, como tudo corre sobre rodas, o Governo resolve carregar a dobrar sobre os

contribuintes, esmaga os portugueses com mais impostos e sobretaxas e corta, aqui também a dobrar, nos

serviços públicos, na educação, na saúde e na segurança social.

Sr. Ministro de Estado e das Finanças, ainda bem que tudo corre sobre rodas. O que seria deste País e dos

portugueses se alguma coisa não corresse tão bem?

Na realidade virtual que se instalou no Conselho de Ministros o Governo está a cumprir. O problema está

nos portugueses: ou porque deixaram de comprar carros, como se queixa amargamente o Sr. Primeiro-

Ministro; ou porque vivem como cigarras preguiçosas, na versão acusatória do Sr. Ministro Miguel Macedo.

É um Governo zangado com os ignorantes, que não reconhecem nem agradecem o espantoso trabalho

efetuado por todos e cada um dos Srs. Ministros: os impostos aumentam, porque há um Tribunal

Constitucional — imagine-se!, pasme-se! — que teima em fiscalizar o cumprimento da Constituição, lamuria-se

o Governo; o desemprego continua a crescer, porque ninguém aceitou a bondade e as virtualidades das

alterações da taxa social única, que o Sr. Ministro Vítor Gaspar pretendia.

A culpa nunca é do Governo, mesmo quando os parceiros desta coligação em polvorosa se culpam

mutuamente por cada um destes insucessos, inquietos que estão com o que lhes vai suceder no dia seguinte.