I SÉRIE — NÚMERO 8
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Portanto, o que precisamos de saber é se há bancadas parlamentares, partidos disponíveis para mobilizar
os portugueses para o esforço exigente e para o caminho difícil que temos de fazer. Esta é a questão que fica
aqui colocada.
Da parte da esquerda, aceito toda a argumentação, mas também era de esperar, muitas vezes, a
mobilização dos portugueses para os sacrifícios que reconhecem que é preciso fazer, e não apenas palavras
de elogio ou o «cavalgar» de uma onda de contestação nas ruas ou até o incentivo às greves, feito, muitas
vezes, pela vossa claque de nome CGTP.
Protestos do PCP.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Claque de nome CGTP?!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Que não passe pela cabeça de ninguém que, com isto, tenha posto em
causa o direito à greve, porque é um direito legítimo, mas não é um direito absoluto.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Poderei dizer o seguinte: 8 milhões de prejuízos na CP, 20 000
comboios parados e o efeito que isso na tem na vida de tantas empresas e de tantas famílias que quiseram
trabalhar, que quiseram ajudar o País, que quiseram cumprir.
Aplausos do CDS-PP e de Deputados do PSD.
Poderia até dizer, se quisesse, que há, de facto, outros portugueses, nessas empresas, que têm
medicamentos pagos por inteiro ou que até têm subsídios de assiduidade que podem receber, mas impedem
outros de ter acesso a esses mesmos subsídios de assiduidade. Esta é uma injustiça sobre a qual não ouvi
uma única palavra!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Exatamente!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — E que dizer dos 425 milhões de prejuízo com a greve dos portos?
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — E porquê?!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Se há matéria em que todas as bancadas são concordantes é a de que
as empresas portuguesas, os trabalhadores portugueses fizeram um esforço para, apesar das dificuldades,
aumentar as exportações. E que efeito é que esta greve teve naquele que era o melhor momento de ação
dessas empresas e desses trabalhadores portugueses?
Aplausos do CDS-PP e de Deputados do PSD.
Termino, dizendo que é legítimo que queiram censurar o Governo, é legítimo que discordem do Governo,
mas não é legítimo pôr em causa o esforço de tantos portugueses e o futuro do País, porque só temos um
caminho: o de voltar a ter, nas nossas mãos, a soberania do País e poder decidir, como desejamos, a vida dos
portugueses.
Aplausos do CDS-PP e de Deputados do PSD.
Protestos do PCP.
O Sr. António Filipe (PCP): — Só faz greve quem trabalha!