6 DE OUTUBRO DE 2012
57
Sr.ª Deputada, registo a sua preocupação com a agenda política da Sr.ª Merkel, mas não tenho essa
preocupação, não tenho a Sr.ª Merkel na minha agenda política, bem pelo contrário, e não estou
particularmente interessado em discutir o Muro de Berlim.
Não faço da política um revivalismo fanatista. Estamos nesta bancada a olhar para o futuro, para o futuro
dos portugueses e para o futuro do nosso País.
Quero dizer-lhe, Sr.ª Deputada, que ando na rua todos os dias, falo com as pessoas e olho as pessoas nos
olhos.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Pensa que é o único?
O Sr. João Semedo (BE): — Sabe quem é que já não anda na rua? São os ministros do seu Governo, do
Governo que as bancadas do PSD e do CDS apoiam! Esses é que já não saem do carro sem ouvir uma
chusma de impropérios, sem ouvir o protesto popular contra as suas medidas. Eu, Sr.ª Deputada, ando com
os olhos bem abertos na rua e ando com muita tranquilidade. Não sou eu que não conheço o País, não é o
Bloco de Esquerda que está fora da realidade, é o Sr. Ministro das Finanças, é o Sr. Primeiro-Ministro e,
infelizmente, é também a Sr.ª Deputada.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Hélder Amaral.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: Houve, de facto, um tempo em que, na esquerda, havia um rumo, um caminho, porventura
ou com certeza recusado por todos, mas, ainda assim, um caminho, um rumo. Hoje, lamentavelmente, porque
é mau para a democracia, temos uma esquerda confinada a alguns teatros partidários, a uma linguagem,
muitas vezes, para lá daquela que é a praxe parlamentar…
Protestos do PCP e do BE.
… e confinada a sessões de censura mais ou menos articuladas.
Mas, Srs. Deputados, diria que, de facto, o momento da verdade está cada vez mais próximo, e é o
momento da verdade para todos.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — É verdade!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — É o momento de sabermos quem quer agir e quem quer fugir. E deixem
que vos diga que, da nossa parte, queremos agir e queremos ficar com uma maioria estável e compacta.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Estável é que ela não é!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — E vamos querer perceber quem está de que lado, porque, Srs.
Deputados, só é possível baixar as receitas se conseguirmos baixar as despesas,…
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — É evidente!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — … só é possível resgatar a soberania do País, cumprindo o Memorando
e pagando a dívida.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Falso!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Se há outro caminho, não ficou percetível no debate de hoje.