11 DE OUTUBRO DE 2012
43
e por uma razão ou por outra, designadamente por falta de eficiência da máquina do Estado, não cumpre com
as suas obrigações; só depois se devem ponderar alterações ao regime de cada um dos impostos.
Quando se ponderam alterações ao regime de cada um dos impostos, há dois princípios essenciais a ter
em conta: por um lado, a eficiência dessas alterações e, por outro, a equidade dessas mesmas alterações. E
se é indiscutível que as opções que hoje discutimos cumprem os requisitos de equidade porque apontam
exatamente para a resposta a uma imposição do Tribunal Constitucional de uma distribuição diferente,
designadamente, do esforço tributário, é fundamental que o Governo, na execução destas medidas, atenda ao
outro princípio essencial. Foi exatamente por isso que, no passado, é verdade, estivemos várias vezes contra
medidas parecidas com aquelas que hoje discutimos e que continuamos a contestar…
O Sr. Pedro Nuno Santos (PS): — No ano passado!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Tal como o Partido Socialista, o Sr. Deputado também votou
contra.
Agora, dizemos também que aquilo que o PCP e o Bloco de Esquerda propõem, obviamente, não seria
eficaz e comprometeriam o objetivo destas alterações.
Portanto, tendo consciência do momento excecional que vivemos, tendo consciência de uma obrigação que
o Tribunal Constitucional impôs, estamos seguros de que se assegura a equidade requerida e temos
esperança também de que se consiga assegurar a eficiência necessária.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Nuno
Santos.
O Sr. Pedro Nuno Santos (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Sr.as
e
Srs. Deputados: O CDS vai-nos surpreendente com as suas adaptações ao momento.
No ano passado, para este Governo, para o Ministério das Finanças, a definição de justiça fiscal era a de
que a exclusão da tributação dos rendimentos de capital não punha em causa o conceito de equidade fiscal.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — O Tribunal Constitucional é que entendeu diferente. Foi o que
eu disse!
O Sr. Pedro Nuno Santos (PS): — Foi assim que o Ministro Vítor Gaspar justificou o chumbo das
propostas da oposição que visavam trazer mais equidade para o nosso sistema fiscal.
Aplausos do PS.
Há uma inflexão este ano que não se deve a uma alteração de convicção. O que há é uma mudança
porque há uma resposta ao desespero, à necessidade, ao fracasso de uma estratégia de ajustamento
orçamental que obriga o Governo, não por convicção, mas por necessidade, a tributar rendimentos que jurava,
no ano passado, nunca tributar.
Aplausos do PS.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Pois não!
O Sr. Pedro Nuno Santos (PS): — O Sr. Secretário de Estado não deixa de nos surpreender. Ao longo da
sua intervenção, como quem não acredita, tendo que repetir várias vezes, foi dizendo: «esforço fiscal repartido
entre todos», «rendimentos de capital igualmente tributados», «justa e equitativa distribuição de esforço
fiscal», «todos devem contribuir de acordo com a sua capacidade contributiva». Já aqui foi identificada a
disparidade no que significa tributação de rendimentos de capital com um pacote que prevê arrecadar