11 DE OUTUBRO DE 2012
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A Sr.ª Hortense Martins (PS): — Ainda hoje, todos nós, Deputados, somos bombardeados, e
legitimamente, com chamadas telefónicas de pessoas que pretendem saber como se vai processar esta
medida.
Além disso, o Governo deve ter uma estratégia para o País — e não a tem — e não utilizar a arma do
aumento dos impostos sobre os portugueses apenas para agravar recessão com mais recessão.
Sr. Secretário de Estado, o Governo está a arrastar-nos para uma espiral recessiva e até o FMI já alertou
dizendo que esta é uma política errada. O Governo tem de arrepiar caminho!
Protestos do PSD.
Por último, Sr. Secretário de Estado, gostaria de dizer-lhe que o Governo tem necessariamente de mostrar
um esforço concreto para a equidade e ter uma solução para a economia e não simplesmente usar a arma do
aumento de impostos para com ela destruir a economia.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem a palavra o Sr. Deputado Virgílio Macedo para uma intervenção.
O Sr. Fernando Virgílio Macedo (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais,
Sr.as
e Srs. Deputados: O Governo apresenta hoje, nesta Câmara, uma proposta de lei que contém um
importante conjunto de medidas de carácter fiscal. É um conjunto de medidas importantes no sentido do
incremento do princípio da equidade fiscal e social na austeridade.
Nos atuais tempos que vivemos, em que o Governo é obrigado a pedir sacrifícios aos portugueses no
sentido de rapidamente recuperarmos a nossa independência financeira, são importantes os sinais dados à
sociedade e aos portugueses. Como repetidamente tem vindo a ser afirmado pelo Governo, o pedido de
sacrifícios é a todos, e ninguém pode abster-se de contribuir para este autêntico desígnio nacional que é
atingirmos as metas orçamentais acordadas com os nossos parceiros internacionais e assim cumprirmos o
nosso programa de ajustamento.
Nesta verdadeira convocatória, é também importante dispensarmos desse esforço todos aqueles que, em
virtude de infelizmente terem rendimentos reduzidos, não estão em condições de lhes serem pedidos mais
sacrifícios adicionais. É de realçar que o Governo, em todas as medidas de agravamento fiscal que
infelizmente foi obrigado a implementar neste último ano, sempre encontrou, sem exceção, espaço e
disponibilidade para fazer uma discriminação positiva desses contribuintes. É importante essa discriminação e,
sobretudo, é justa.
No esforço de consolidação orçamental que a situação económico-financeira do País exige, julgou o
Governo justo pedir mais um esforço de carácter fiscal aos titulares de rendimentos de capital e aos detentores
de propriedades com elevado valor tributável.
Em sede de IRS, é proposto, assim, um agravamento da tributação dos rendimentos de capital e das mais-
valias para 26,5%. Paralelamente, aos rendimentos obtidos, ou transferidos, em paraísos fiscais é proposto
um agravamento da sua taxa de IRC para mais 5%.
Srs. Deputados, será que, depois do anúncio destas medidas, ainda é possível ouvirmos dizer que os
esforços são só pedidos àqueles que auferem rendimentos de trabalho dependente e aos pensionistas? Será
que a demagogia tem limites para os partidos da oposição, ou será que não?
Mas o Governo ainda foi mais longe neste conjunto de medidas de carácter fiscal que visam corrigir os
desvios orçamentais do corrente ano, propondo a criação de uma nova taxa em sede de imposto de selo que
incide sobre prédios cujo valor patrimonial é, para efeitos de IMI, superior a 1 milhão de euros. Também aqui o
Governo propõe uma discriminação negativa relativamente aos sujeitos passivos que não sejam pessoas
singulares e que tenham residência num país ou território sujeito a um regime fiscal mais favorável, passando
essa taxa de 1% para 7,5%.
Será que para os partidos da oposição esta medida também não atinge, e mesmo protege, os ricos e
poderosos, como gostam de dizer à boca cheia essas forças políticas? Concordam ou não com esta medida,
Srs. Deputados?