18 DE OUTUBRO DE 2012
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Mas beneficiou também — e sobre isso também não há duas opiniões — do enorme desgaste da maioria
PSD/CDS, por via da governação que têm vindo a impor na República, o que, obviamente, também não deixa
de ser sentido nas regiões autónomas, particularmente na Região Autónoma dos Açores. E o que é também
significativo deste resultado é que ambos os partidos da coligação governamental sofreram esse desgaste,
porque também fica evidente para o CDS que não é possível passar pelos intervalos da chuva sem se
molhar…
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Ora bem!
O Sr. António Filipe (PCP): — … e que os portugueses também o responsabilizam pela governação de
que é parte integrante.
Mas, Sr. Deputado António Braga, na sua intervenção houve uma outra componente de crítica ao Governo
relativamente a vários aspetos da sua política e também à proposta de Orçamento do Estado que acaba de
ser apresentada. E no que se refere à crítica que os senhores queiram fazer ao Governo, eu diria que nunca a
voz vos doa! Mas a questão que também temos de colocar aqui é a de saber, afinal, o que é que o Partido
Socialista critica, fundamentalmente, na política do Governo e, sobretudo, o que faria de diferente.
A Sr.ª Francisca Almeida (PSD): — Aí é que está!
O Sr. António Filipe (PCP): — A ideia com que ficamos é a de que o Partido Socialista critica o Governo
não pelo remédio ou pela terapêutica, mas pela dose. Ou seja, os senhores consideram que o Memorando da
troica está muito bem e que tem de ser cumprido, mas depois consideram que não deve ser assim, como o
Governo está a fazer. Dá a ideia de que querem «os senhores tomam o remédio, mas em vez de o tomarem a
todas as refeições, tomam-no só ao almoço e ao jantar e deixam de o tomar ao pequeno-almoço»!
Gostaríamos, pois, de saber, fundamentalmente, o que é que o Partido Socialista considera que deve ser
feito de diferente.
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. António Filipe (PCP): — Vou terminar, Sr.ª Presidente.
Faço uma última referência: Sr. Deputado António Braga, um dos aspetos em que critico o atual Governo
— e acho que a crítica também é justa — tem que ver com o facto de o Governo não se impor, não falar na
Europa. Mas nós lembramos que, ainda muito recentemente, o Secretário-Geral do Partido Socialista foi a
Paris falar com o Sr. François Hollande, mas depois não nos disse nada sobre o que lhe disse o Sr. Hollande e
que compromissos é que ele assumiu relativamente a Portugal. O que sabemos…
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. António Filipe (PCP): — Termino de imediato, Sr.ª Presidente.
O que sabemos é que, nesse mesmo dia, o Sr. Hollande mandou aprovar, na Assembleia Nacional
francesa, o pacto orçamental que ele, na campanha eleitoral, prometeu solenemente que não iria subscrever.
Era esta a última questão que gostaria de lhe colocar, Sr. Deputado.
Muito obrigado pela tolerância, Sr.ª Presidente.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado António Braga.
O Sr. António Braga (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado António Filipe, muito obrigado pelas questões
que me colocou e também pelas considerações que expendeu sobre a vitória do Partido Socialista nos Açores.