I SÉRIE — NÚMERO 16
42
declaração de IRS de 2011. Isto não faz muito sentido, porque é agora, é no ano letivo de 2012-2013 que este
estudante necessita de apoio da ação social.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Queira concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Termino já, Sr. Presidente.
Portanto, para haver justiça não pode o Governo que cortou nos rendimentos dos trabalhadores pedir-lhes
que apresentem uma declaração de rendimentos que já não corresponde à realidade e, a partir disso, definir
ou não se estabelece apoios sociais.
É para esta questão urgente, real, não de um país de fantasia, que os senhores têm de apresentar uma
resposta.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para apresentar o projeto de lei n.º 291/XII (2.ª), do PCP, tem a
palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: O PCP decidiu reapresentar este projeto de lei
sobre a ação social escolar, que apresentámos no dia 17 de maio pela primeira vez, porque as dificuldades
com que hoje os estudantes do ensino superior estão confrontados justificam a sua reapresentação.
Hoje, muitos jovens já não se candidatam ao ensino superior porque sabem que não vão ter dinheiro para
conseguir pagar as propinas e os custos de frequência.
Sabemos que, hoje, menos estudantes se candidataram ao ensino superior, o que significa que as
dificuldades impedem objetivamente o acesso à educação. Sabemos que muitos alunos tiveram de abandonar
o ensino superior e que muitos outros têm muita dificuldade em aceder a uma bolsa de ação social escolar.
Isto porque temos, no plano europeu, o enquadramento referente à ação social escolar mais limitado. Isto
significa que, por exemplo, no caso em que uma família tenha um membro do agregado familiar
desempregado, o outro aufira o salário mínimo nacional, portanto, 485 €, e dois filhos, um deles a estudar no
ensino superior, este aluno apenas vai ter como bolsa de ação social 2,75 € por dia.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Extraordinário!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Ora, 2,75 € não chega sequer para almoçar e jantar numa cantina de ação
social.
Vejo que o Sr. Deputado Duarte Filipe Marques está admirado. Sr. Deputado, não é por falta de
conhecimento, porque sabe bem que esta é a realidade. Inclusivamente, foram estes os valores da bolsa
média que o Governo anunciou.
Vozes do PCP: — Exatamente!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Por isso afirmamos, com muita convicção, que hoje aceder aos mais elevados
graus de ensino já não é para quem quer, é para quem pode pagar, e isto incumpre claramente a Constituição
e os seus princípios.
Convém aqui assinalar que só em dois anos, por obra e graça deste Governo e do Governo anterior, do
Partido Socialista, 26 600 estudantes perderam a bolsa. Em dois anos, 26 600 estudantes perderam a bolsa!
No momento em que as dificuldades são maiores, em que houve roubo nos salários, em que houve quebra
nos rendimentos, em que o desemprego aumenta, em que os salários em atraso em muitas famílias são a
realidade do seu dia, este e o anterior Governo conseguiram cortar 26 600 bolsas. Por isso, entendemos que é
profundamente importante reforçar a ação social escolar.
A proposta que aqui trazemos é muito clara. Para nós, o ensino superior é um investimento estratégico
para o desenvolvimento económico e social do País e, por isso, é imperioso reforçar o valor da bolsa, reforçar
o número de estudantes que têm acesso à bolsa máxima e reforçar o número de estudantes que hoje não têm