26 DE OUTUBRO DE 2012
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O Sr. Duarte Filipe Marques (PSD): — O que é verdade é que este regulamento não é perfeito, mas é
muito melhor que o do passado e é com orgulho que, nesta matéria, podemos dizer que os estudantes têm
uma bolsa média superior. Há muito mais estudantes a receber bolsa do que no passado e, ao contrário do
passado, desta vez, já há dinheiro no bolso dos estudantes, por muito que isso custe à esquerda porque, às
vezes, apesar de serem muito laicos, parece que rezam para que corra mal a vida aos estudantes.
Aplausos do PSD.
Protestos do PCP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Srs. Deputados, concluído o debate conjunto do projeto de resolução
n.º 467/XII (2.ª), do projeto de lei n.º 291/XII (2.ª) e dos projetos de resolução n.os
494 e 499/XII (2.ª), informo
que estas iniciativas serão votadas amanhã no período reservado às votações.
Vamos passar ao quarto e último ponto de hoje, que consiste na apreciação dos projetos de resolução n.os
492/XII (2.ª) — Prevê a aplicação do princípio da precaução relativamente ao milho transgénico NK603 (Os
Verdes) e 470/XII (2.ª) — Recomenda ao Governo que proíba a importação, comercialização e cultivo dos
organismos geneticamente modificados — milho MON810 e batata Amflora (BE), em conjunto e na
generalidade com o projeto de lei n.º 308/XII (2.ª) — Regula o cultivo de variedades agrícolas geneticamente
modificadas (PCP).
Para apresentar o projeto de resolução n.º 492/XII (2.ª), tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Os Verdes entenderam
trazer novamente ao Plenário da Assembleia da República a matéria dos organismos geneticamente
modificados.
Desta vez — vejam bem, Sr.as
e Srs. Deputados —, a multinacional do setor agroalimentar Monsanto
produz um herbicida poderosíssimo. Quando é aplicado, mata tudo quanto é planta, menos o milho
transgénico — pasmemo-nos! — produzido pela própria Monsanto, o milho NK603. Vejam bem, portanto, o
poder que esta multinacional ganha, caso consiga generalizar por este mundo fora a comercialização deste
herbicida e deste milho. Se isto não diz nada…
Entretanto, esta multinacional Monsanto fez um estudo com uma durabilidade de três meses para querer
fazer o mundo acreditar que aquele milho transgénico era perfeitamente inócuo. Percebe-se porquê. Tem
interesse em vendê-lo. Bom, este milho, que é produzido, fundamentalmente, nos Estados Unidos, Brasil e
pouco mais — na Europa, não é cultivado — é comercializado, está autorizado para comercialização desde
2004.
Entretanto, surge, em França, um estudo que aponta para a perigosidade deste milho, designadamente
sobre a saúde humana. É um estudo de uma universidade francesa, de uma equipa de cientistas franceses à
qual o Governo francês deu credibilidade. Face isto, o que podemos pensar? Podemos pensar assim: «Está
bem, mas esse estudo até pode ser de alguns que contestam os OGM. E em relação aos outros que são
favoráveis aos OGM?». E ficamos com um grande ponto de interrogação. E os consumidores funcionam mais
ou menos como uma bola de pingue-pongue no meio de interesses instalados e não sabem, na verdade,
quem e como se garante a sua segurança.
É por isso que foi criado um princípio que se chama «princípio da precaução» que tem como função
garantir a segurança dos consumidores. E este princípio é aplicado quando? Quando há, justamente,
contradição, designadamente no conhecimento científico e nos estudos científicos.
É por isso que, Sr.as
e Srs. Deputados, Os Verdes vêm à Assembleia da República pedir que o Governo
português aplique a cláusula de salvaguarda e suspenda, até conhecimento mais aprofundado, a
comercialização do milho NK603 em Portugal; que peça essa suspensão ao nível da União Europeia; que se
crie uma moratória ao nível da União Europeia para realização de estudos mais prolongados e credíveis sobre
os efeitos, designadamente sobre a saúde humana, dos organismos geneticamente modificados — isto porque
os estudos que estão a ser apresentados estão a ser feitos sob uma base temporal extraordinariamente curta
—; e que se mudem as regras de rotulagem ao nível da União Europeia, porque os consumidores,