I SÉRIE — NÚMERO 16
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transgénicos, que, não sendo novo, continua de grande atualidade, suscitando grandes preocupações e
controvérsias.
Trata-se de um assunto da maior importância em termos económicos, ambientais e também sociais,
embora muitos atores políticos não estejam devidamente atentos para a gravidade e importância do tema e
outros estejam demasiado agarrados a preconceitos, quer sejam a favor ou contra.
Para o PSD, a preservação do meio ambiente e da biodiversidade dos ecossistemas é crucial para a vida
do planeta. Por isso, a sociedade e a política devem discutir, debater e estar conscientes das permanentes
mudanças e do papel do homem no mundo.
No caso dos organismos geneticamente modificados, o PSD sempre defendeu uma abordagem moderada,
defendendo o princípio da preocupação. Entendemos que não é uma matéria fechada e que requer um
cuidado redobrado na sua implementação e experimentação.
Aliás, o princípio da preocupação é defendido nas três iniciativas hoje aqui em debate, precisamente devido
à incerteza científica existente nesta matéria, como afirma o Bloco de Esquerda no seu projeto de resolução.
No caso do milho NK603, em particular, os estudos referidos no projeto de resolução de Os Verdes
merecem toda a atenção, nomeadamente porque, como Os Verdes referem, apontam para «conclusões
assustadoras». De facto, os resultados aparentemente chocantes parecem comprometer a segurança
alimentar do consumo prolongado desta variedade de milho, o que contrasta com outros estudos, em
particular do comité científico da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos, que, anteriormente,
tinha concluído que o milho geneticamente modificado NK603 era tão seguro quanto o milho convencional.
Porém, temos a consciência de que, em ciência, nada é garantido e tudo está sujeito a uma constante
evolução e monitorização.
Contudo, importa ter presente a qualidade dos pareceres científicos que servem de base a decisões
políticas. E vale a pena sermos rigorosos na apresentação dos nossos argumentos. É que, aparentemente, o
estudo citado por Os Verdes, na sua iniciativa, carece de rigor científico, conforme apontam algumas
instituições científicas.
Não sendo aqui, no Plenário da Assembleia da República, a sede própria para avaliar estes critérios
científicos, não podemos deixar de estranhar a ausência de elementos que acompanham qualquer paper de
caracter científico, como é o tratamento estatístico dos dados recolhidos e a divulgação do material utilizado
para a experimentação. Aliás, perante tais omissões, os autores foram mesmo convidados a compartilhar a
informação que foi considerada no seu estudo.
Quanto ao cultivo do milho MON810 — referido nos diplomas do BE e PCP —, entendemos que o Governo
português deverá continuar atento ao desenvolvimento da ciência, da tecnologia e do resultado da sua
aplicação, mas julgamos que, até ao momento, não há motivos válidos para deixar de confiar na agência
europeia para a segurança alimentar que monitoriza o cultivo de OGM na Europa, continuando a descartar
insegurança para este tipo de milho modificado.
Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O PSD defende, e sempre defendeu, o princípio da preocupação.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Precaução, Sr. Deputado!
O Sr. Luís Pedro Pimentel (PSD): — Julgamos que devemos manter esta nossa posição, de defesa
efetiva do princípio da preocupação, contrariamente aos três partidos que citam este princípio, mas o que
todos pretendem é a suspensão imediata do cultivo e da comercialização de transgénicos, em Portugal e
mesmo na Europa.
Sr.as
e Srs. Deputados, termino como comecei: a atualidade do tema e a preocupação em monitorizar a sua
evolução em termos de produção, comercialização e consumo devem continuar a ser debatidos. Por isso,
esperamos continuar este debate, alargado a outras entidades, em sede de Comissão Parlamentar de
Agricultura e Mar.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Manuel Seabra.