I SÉRIE — NÚMERO 16
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O Sr. Abel Baptista (CDS-PP): — … mas, ao contrário do que disse, não faço nenhum esforço para
defender o que tem sido o trabalho deste Governo na área da agricultura, porque os resultados falam por si e
são as organizações de agricultores que o dizem.
O Sr. Agostinho Lopes (PCP): — Vão retirar o IVA da agricultura?
O Sr. Abel Baptista (CDS-PP): — Sr. Deputado, não fui eu quem escreveu numa revista semanal, que
saiu hoje, o seguinte: «O Presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) diz que as boas
notícias sucedem-se». Não sou eu quem o diz, Sr. Deputado Agostinho Lopes, não é o CDS que o diz, é uma
das organizações de agricultores que o diz.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Luís
Fazenda.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Abel Baptista, gostaria de questioná-lo sobre
dois assuntos. Um deles, a que não fez referência, tem a ver com o Orçamento do Estado que vamos começar
a discutir e com a aplicação do IVA, de que estavam isentos em muitas circunstâncias, para serviços
agrícolas, pecuários, venda de bens das explorações agrícolas, etc.
Há dois ou três anos, os debates orçamentais ficaram célebres por causa do sobe e desce do leite
achocolatado na lista do IVA. Agora há um aumento enorme, colossal, da incidência do IVA sobre produtos do
setor primário, sobre serviços agrícolas, pecuários, etc., mas a sua intervenção foi um enorme silêncio acerca
deste assunto. Como é natural e evidente, esta alteração vai diminuir as já magras margens de muitas
explorações agrícolas. Gostaríamos que nos falasse sobre isto e não apenas sobre os putativos êxitos da Sr.ª
Ministra da Agricultura.
A segunda questão que queria colocar-lhe tem a ver com a Plataforma de Acompanhamento das Relações
na Cadeia Agroalimentar (PARCA). Finalmente, fez uma parca referência à PARCA, à plataforma de
acompanhamento da cadeia de valor, dizendo-nos sem mais, sem concretizar, que há uma saudação enorme
por parte da produção e do comércio em relação aos primeiros diplomas vindos do Ministério da Agricultura,
do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, depois de mais de um ano em funções, do ponto de
vista da regulação dos contratos entre a produção e o comércio, a grande distribuição.
O Sr. Manuel Isaac (CDS-PP): — Pagamentos a 30 dias!
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Sr. Deputado, gostaria de perguntar-lhe, em concreto, para além de tornear
cláusulas abusivas, em que é que esses contratos, reformulados no modo como a Ministra Assunção Cristas
quer, vão aumentar um cêntimo que seja a margem de lucro, a margem de exploração da produção
relativamente à distribuição. Em que é que isso vai aumentar a margem de lucro para os produtores? Não se
entende.
Na verdade, temos assistido a uma espécie de canção de embalar à volta de um diálogo que não tem tido
grande consequência. Temos uma iniciativa passado um ano e meio de o Ministério estar em funções, agora
teremos todo o trabalho burocrático à volta das alterações dos contratos, mas na verdade não aumentou 1
cêntimo à produção. Muito pelo contrário, estão a esmagar-se as margens da produção.
Portanto, sobre a PARCA, estamos parcamente informados, mas sobre preços creio que estamos
abundantemente informados de que eles não têm tido qualquer progressão, continuando a distribuição a
mandar sem qualquer oposição ou intervenção da parte do Ministério da Agricultura.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Abel Baptista.