I SÉRIE — NÚMERO 18
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O Sr. António José Seguro (PS): — Não conheço nenhum país no mundo que tenha feito um volume de
ajustamento das contas públicas num clima de recessão. Na altura estávamos sozinhos a dizer que havia
outro caminho; hoje, quem está isolado em relação ao caminho que propusemos são o senhor, o seu Governo
e esta maioria.
Aplausos do PS.
Até o Fundo Monetário Internacional vem dizer que se enganou nas contas e que 1% de ajustamento,
afinal, não provoca só 0,5% de recessão, mas pode provocar 1,5% de recessão.
E fizemos propostas, Sr. Primeiro-Ministro,…
O Sr. Altino Bessa (CDS-PP): — Quais eram?
O Sr. António José Seguro (PS): — … que vou ter oportunidade, durante o debate do Orçamento, de lhe
recordar, mas há duas que quero aqui referir.
Dissemos que se o volume de ajustamento que o senhor queria fazer era maior e se a economia da zona
euro, em vez de crescer 2% como previsto no Memorando em maio, iria estagnar era necessário mais tempo
para consolidarmos as contas públicas.
Mais: tenho vindo a propor que haja menos juros. Não tem nenhum sentido que os bancos portugueses se
financiem no Banco Central Europeu a 1% e que o Estado português se financie nos bancos portugueses a
3,5%, a 4% e a 4,5%. Não tem nenhum sentido, Sr. Primeiro-Ministro!
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. António José Seguro (PS): — E não venha com estratagemas, Sr. Primeiro-Ministro, porque já lhe
expliquei como é possível beneficiarmos de taxas de juro mais baixas.
Por isso, Sr. Primeiro-Ministro, era bom que também esclarecesse aqui aquilo que o Sr. Ministro das
Finanças se recusou a esclarecer no Parlamento. Quem é que tem comprado a dívida pública portuguesa? É
necessário que o País saiba quem são os seus credores.
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. António José Seguro (PS): — Termino, dizendo que a sua proposta de refundação do Memorando
de Entendimento não é mais do que uma desculpa para o seu fracasso.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. António José Seguro (PS): — O País chegou a uma situação terrível, o País está em pré-rotura
social e sabe que tem um responsável que se chama Pedro Passos Coelho, o Primeiro-Ministro deste País.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. António José Seguro (PS): — Vou terminar, Sr.ª Presidente.
Volto a dizer-lhe, Sr. Primeiro-Ministro, que os portugueses sabem que podem contar com o Partido
Socialista,…
Vozes do PSD: — Podem, podem!…