31 DE OUTUBRO DE 2012
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O Sr. Deputado deve saber que, se há coisa que este Governo fez durante o seu primeiro ano de atividade,
foi justamente cumprir o Memorando que os senhores negociaram…
O Sr. João Galamba (PS): — Cortes na saúde, na educação…
O Sr. Primeiro-Ministro: — … para permitir que Portugal possa ter sucesso no regresso ao mercado.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Diz o Sr. Deputado: «Não conte agora connosco. Não nos peça coisa nenhuma!». Sr. Deputado, eu não
estou a pedir-lhe coisa nenhuma. O que estou a dizer a todos os partidos, em particular àqueles que têm
responsabilidades no arco da governação e, mais em particular, ao Partido Socialista que negociou este
Memorando de Entendimento é que seja convocado ao debate sobre a reforma do Estado que precisamos de
fazer. Essa reforma do Estado não estava inicialmente prevista no Memorando de Entendimento. As reformas
estruturais que lá estavam previstas foram alargadas, e nós temo-las cumprido. Mas a reforma do Estado mais
profunda não estava.
É entendimento deste Governo, e meu, que uma reforma com esse alcance deve envolver também o
Partido Socialista e os parceiros sociais, além de convocar todos os partidos e todas as forças políticas.
Protestos do PCP.
Diz o Sr. Deputado: «Não nos chamem para esse debate. Nós não queremos ter nada a ver com isso.» Sr.
Deputado, creio que o País ficará muito desapontado em saber que tem tanto receio, mas tanto receio, como,
de resto, se nota desde há um ano, de ter qualquer coisa a ver com o que se está a fazer em Portugal para
vencer a crise e executar o vosso Memorando de Entendimento que nem para reuniões gostaria de ser
convocado para discutir o futuro do País.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Risos do PS.
Mas, Sr. Deputado, espero que pense bem e que mude de opinião, porque é o Governo que está a dizer
que este debate interessa a todo o País e não apenas ao Governo.
Mas que fique claro: o Governo não deixará de assumir as suas responsabilidades. O Governo não
deixará, entre o sexto e o sétimo exames regulares, de apresentar um menu discriminado daquilo que
corresponde à sua visão do que é uma reforma mais profunda do Estado.
Protestos do Deputado do PCP Bernardino Soares.
O Governo está cá, desde o início, para assumir as suas responsabilidades. Mas, Sr. Deputado, não pense
que demagogicamente o senhor pode fugir às suas dizendo apenas ao Governo que não está disponível para
esse debate. Diga isso ao País, porque é o País que quer saber com o que conta do Partido Socialista para
esse debate!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Diz o Sr. Deputado Luís Montenegro que os problemas que fomos criando ao longo destes anos têm, hoje,
de ter uma contribuição, para a sua resolução, daqueles que os ajudaram a criar. Tem toda a razão, Sr.
Deputado. Foi isso que eu também tentei dizer ao Partido Socialista. O Partido Socialista julga que, nos
últimos 15 anos, passou fugazmente pelo Governo. Quinze anos em que nós divergimos da Europa, em que
nos afastámos da média de crescimento europeia, em que acedemos a volumes consideráveis de