I SÉRIE — NÚMERO 18
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Mas, hoje, a banca portuguesa voltou a comprar dívida pública de Portugal, porque é o melhor ativo que ela
tem, e está a financiar-se no Banco Central Europeu para vir comprar dívida pública portuguesa, para além de
outros investidores institucionais.
O Sr. João Galamba (PS): — É uma renda excessiva!
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Ou seja, a banca consegue financiar-se no Banco Central Europeu a 0,75% e
está a ganhar com a dívida pública deste País à beira da bancarrota a juros variáveis, mas muitíssimo
superiores.
É curioso que no seu discurso de hoje o Sr. Primeiro-Ministro não foi aqui capaz de nos dizer que estamos
a ter leilões de dívida com os juros mais baixos, ou que estamos até em condições de nos aproximarmos
desse mítico regresso aos mercados, que tantas vezes aqui foi anunciado!
Portanto, Sr. Primeiro-Ministro, a operação não era para salários e para pensões, era para salvar a banca.
Salvar a banca e sempre salvar a banca — é essa a origem de todo este plano e de toda esta política
orçamental que tem vindo a ser desenvolvida.
Diz o Sr. Primeiro-Ministro, naqueles ímpetos de honradez, «Nós temos que pagar a quem nos ajudou,
pagar completamente». Mas esses «amigos», Sr. Primeiro-Ministro, são os «amigos da onça»; os «amigos da
onça» que lhe impuseram juros agiotas!
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Exatamente!
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Nós não podemos pagar esses juros, nós temos que pagar os juros a um
financiamento tendencial a zero, porque quem nos emprestou dinheiro tem financiamentos tendencialmente a
zero. É preciso cortar nos juros. Isso permitiria impedir esta calamidade sobre os salários, sobre as pensões,
sobre a estagnação da economia.
Temos que renegociar esses juros, temos que renegociar o montante, onde há juros sobre juros no capital
inicialmente emprestado. Essa é que é uma política que pode ter algum futuro. É preciso coragem para tomar
essa política, porque esta, Sr. Primeiro-Ministro, não nos leva a lado nenhum. E é isso que nos veio hoje, aqui,
anunciar.
É que há um planoB em preparação. Já não adianta falar do espectro da Grécia — o Conselho Económico
e Social insuspeitamente já o diz. Lê-se a imprensa internacional e não há ninguém que não diga que estamos
na peugada da Grécia e das circunstâncias exatamente como na Grécia, até com uma similitude
impressionante.
Mas, Sr. Primeiro-Ministro, é preciso renegociar a dívida, as condições do Memorando, mudar de política!
A pergunta que lhe quero fazer, Sr. Primeiro-Ministro, é se já perdeu de vez qualquer hipótese de regresso
aos mercados em setembro de 2013 e se não está já a renegociar um segundo resgate. Ou seja, se não está
em curso a renegociação de um segundo resgate.
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Exatamente!
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Porque essa manobra do «toque e foge», de vir aqui desafiar partidos da
oposição acerca de um segundo resgate que estará eminente, cheira já muito a tentar «lavar as mãos»,
porque o segundo resgate já está a ser negociado e a ser discutido.
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Exatamente!
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Essa é que é a questão e em política o que parece, Sr. Primeiro-Ministro,
infelizmente, muitas vezes é, e essa parece ser a chancela da sua base política hoje.
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.