I SÉRIE — NÚMERO 18
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O Sr. Primeiro-Ministro: — O senhor há um ano que anda a dizer: «Este caminho só pode dar em maus
lençóis.»
Sr. Deputado, repare bem na sua contradição: diz o mesmo desde que praticamente se iniciou o percurso
do Memorando de Entendimento.
Protestos do PS.
Mas, Sr. Deputado, ao atribuir ao Governo a responsabilidade de uma má execução do Memorando, está,
da mesma assentada, a negar todos os resultados positivos que obtivemos em todos os exames regulares, em
primeiro lugar, e, em segundo lugar, a dar um enfoque à capacidade que o Governo tem de refazer o
Memorando que não era o Memorando inicial. Mas isso contradiz a verdade, Sr. Deputado.
Protestos do PS.
Deixe-me dizer-lhe: todas as alterações que foram sendo feitas, ao longo deste período, no Memorando
são alterações menores. O Governo cumpriu, no essencial, o programa que foi gizado, negociado, pelo Partido
Socialista.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Protestos do PS.
E a verdade, Sr. Deputado, é que há, realmente, uma condição diferente desde o início: é que o défice a
que o anterior Governo tinha comprometido o País para 2011 não era realizável. A diferença é só esta!
Vozes do PS: — Ah!…
O Sr. Primeiro-Ministro: — No cenário de base que estava negociado em abril, o défice orçamental de
2011 deveria ser de 5,9%. Sr. Deputado, foi de 7,9% — 2% mais!
Protestos do PCP.
E isso nós dizemo-lo, desde o início, sem qualquer sofisma. Essa foi a razão por que o Governo teve de
adotar medidas adicionais que não estavam previstas no Orçamento.
Quais foram, Sr. Deputado? Vou dizer-lhe: a adoção de uma sobretaxa extraordinária correspondente a
50% do subsídio de natal para todos os portugueses que auferissem mais do que o ordenado mínimo nacional
e, para 2012, a introdução de um corte ao nível dos subsídios de férias e de natal dos funcionários públicos e
dos pensionistas e reformados que auferissem acima dos 600 € e dos 1100 €, cumulativamente para os dois
subsídios, e a introdução de um IVA para a eletricidade, de 23%, quando poderia ter sido de 13%. Estas foram
as medidas adicionais.
O Sr. João Galamba (PS): — E o IVA da restauração?!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Quer o Sr. Deputado António José Seguro convencer o País de que a quebra
da procura interna e a austeridade excessiva de que fala correspondem ao exercício destas três medidas? Ó
Sr. Deputado, seja sério! São estas três medidas que justificam a mudança de Memorando que o senhor
acusa o Governo de ter feito!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Risos de Deputados do PS.