31 DE OUTUBRO DE 2012
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O Fundo Monetário Internacional, no documento da quinta avaliação — é público —, já disse que o
Governo tem um plano B, que o Governo tem outras medidas preparadas para o caso de o Orçamento
derrapar, como derrapou o deste ano.
O Sr. Ministro das Finanças não quer falar deste tema, foge dele como o diabo foge da cruz, mas o Sr.
Primeiro-Ministro e o Governo devem uma explicação ao País. O senhor e o seu Governo têm de respeitar os
portugueses, têm de respeitar o Parlamento e têm de dizer aqui, em Portugal, o que andam a combinar lá fora
com o Fundo Monetário Internacional. Os portugueses têm o direito de saber que medidas adicionais são
essas, que novos cortes, que mais assaltos fiscais é que os senhores estão a preparar para 2013.
O Sr. Primeiro-Ministro não tem o direito de fugir a esta pergunta, não tem o direito de ocultar a verdade
aos portugueses.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado João Semedo, pelo Bloco de Esquerda.
O Sr. João Semedo (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, o problema do País, ao contrário do
que o senhor tem dito e afirmado, não está no Estado, na dimensão e nas funções do Estado, e não está
também na despesa pública.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Ai não?!
O Sr. João Semedo (BE): — O problema do País está na dívida que asfixia o País, que asfixia o bolso dos
portugueses, que asfixia a nossa economia e que derrete toda e qualquer receita pública que o Estado consiga
obter.
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Muito bem!
O Sr. João Semedo (BE): — Não é o Estado que está «gordo», é a dívida e os juros que não param de
«engordar», à custa da economia do País e à custa do bolso dos portugueses.
Este Orçamento do Estado faz o maior aumento de sempre dos impostos, promove, ao mesmo tempo, o
maior corte na despesa pública de que há memória nas contas do nosso País e o Sr. Primeiro-Ministro, que
acaba de apresentar o Orçamento, que ainda não aprovou o Orçamento, já nos vem dizer que não bastam
estes cortes.
Mas ouvi-o com atenção, porque o Sr. Primeiro-Ministro, ao mesmo tempo que diz que precisamos ir mais
longe, que precisamos de 4000 milhões de euros de cortes na despesa pública, também é o mesmo Primeiro-
Ministro que acabou de dizer, na intervenção inicial, que não é possível cortar mais. E qual é a resposta que
dá a esta impossibilidade? É a famosa refundação do Estado.
Sr. Primeiro-Ministro, nós não nos enganamos: refundar o Estado, nas suas palavras e na sua conceção,
significa afundar o Estado social, não tem outra alternativa.
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Exatamente!
O Sr. João Semedo (BE): — Aliás, Sr. Primeiro-Ministro, essa não é uma ideia que tenha surgido agora,
nem é uma ideia que decorra das necessidades do programa de ajustamento, das necessidades do equilíbrio
das contas públicas e das necessidades do financiamento da economia.
Eu podia citar muitas expressões suas, muitas frases suas, muitos pensamentos seus sobre esta matéria,
mas quero citar apenas uma, ainda recente, de 2010, ainda o senhor não era Primeiro-Ministro, era candidato
à liderança do PSD. Dizia, então, o Dr. Pedro Passos Coelho: «Chegámos ao fim da linha do reforço das
políticas de correção de equidade nas políticas públicas do País». Isto é exatamente o que o senhor está hoje
a dizer que vai fazer.
Mas queria dizer-lhe o seguinte, Sr. Primeiro-Ministro: primeiro, o senhor não tem nenhuma legitimidade
política para reduzir o perímetro, o âmbito e as funções do Estado, não tem nenhuma legitimidade política para