I SÉRIE — NÚMERO 18
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O Sr. Primeiro-Ministro: — … a um nível de sustentabilidade para os impostos dos portugueses e a
sustentabilidade da dívida pública. É disto que estamos a tratar.
O Sr. João Galamba (PS): — Queria que houvesse um grande consenso, mas não há!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sabemos que há muitos partidos que, de uma maneira geral, apontam para
tudo e o seu contrário, quando fazem proclamações políticas sobre o que deve competir ao Estado. Sabemo-
lo! De resto, o Sr. Deputado João Semedo fez, sob este ponto de vista, uma intervenção paradigmática. Tenho
pena que ele agora não possa aqui estar para lhe poder responder diretamente, mas a sua intervenção foi tão
paradigmática que julgo que ele não levará a mal que a utilize justamente para responder a vários Srs.
Deputados. Diz o Sr. Deputado João Semedo que o problema do País não está na despesa pública, nem na
dimensão do Estado, mas na dimensão da dívida. Mas, Sr. Deputado João Semedo, de onde é que vem a
dívida? De onde é que vem a dívida? A dívida pública, evidentemente.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
Protestos do PCP e do BE.
O Sr. Primeiro-Ministro: — De onde é que vem a dívida pública? Então, a dívida pública não vem da
despesa pública e da dimensão do Estado?! Então, vem de onde?! De onde é que ela vem?!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Protestos do PCP e do BE.
Vejam como é absurdo o debate político que certos partidos da oposição querem conduzir! Dizem esses
partidos: precisamos de cortar o défice, mas não podemos cortar a despesa; temos de cortar o défice, mas
também não podemos aumentar os impostos.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Os senhores estão a fazer as duas coisas!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Os Srs. Deputados, evidentemente, não querem que se faça nada. Mas, Srs.
Deputados, não fazer nada significa simplesmente não ter condições de financiamento no Estado para que o
Estado possa cumprir as suas obrigações, nomeadamente as obrigações sociais.
Mas diz o Sr. Deputado Luís Fazenda: «Nós temos uma solução. O senhor tem é de renegociar essa
dívida. Renegoceie a dívida, a dívida não é legítima».
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Uma parte não é!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Deputado Luís Fazenda, deixe-me dizer-lhe: não fui eu que gerei essa
dívida, não fui eu que gerei essa dívida!
Protestos do PCP e do BE.
Mas quero dizer-lhe, como português — não é como Primeiro-Ministro, é como português —, que, no dia
em que Portugal assumir a posição de que a sua dívida externa é ilegítima e de que a quer reestruturar ou
renegociar, Portugal passará a um estatuto de menoridade,…
O Sr. Luís Fazenda (BE): — É no que estamos!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — E estamos onde?