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I SÉRIE — NÚMERO 25

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A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Ai é?!

O Sr. Carlos Costa Neves (PSD): — E mais uma vez vamos continuar à espera dessas ideias.

O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Peço-lhe que conclua.

O Sr. Carlos Costa Neves (PSD): — Vou concluir, Sr. Presidente.

Aquilo que ouvimos é que a resposta não está no mercado, mas está na política. Mas está na política onde,

Sr. Deputado?! Provavelmente, está na política da mesma forma que, aquando da crise de 1983-85, as

respostas que estiveram na política foram semelhantes às de hoje e aquilo que procuraram foi maior equidade

e, dentro das dificuldades, maior justiça.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — O Sr. Deputado João Soares informou a Mesa de que responderá,

em conjunto, a todos os pedidos de esclarecimento.

Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Drago.

A Sr.ª Ana Drago (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado João Soares, deixe-me cumprimentá-lo. Creio que

nós, em particular, pela responsabilidade política que assumimos, temos obrigação de fazer no Plenário da

Assembleia da República um debate sério sobre as intenções anunciadas nos últimos tempos pelo Sr.

Primeiro-Ministro, sobre este programa jamais ratificado nas urnas, que, à medida que o tempo vai passando,

os partidos da maioria, e em particular o Sr. Primeiro-Ministro, vão mostrando ao País.

Creio que o Sr. Primeiro-Ministro vai sacudindo as suas responsabilidades naquilo que são hoje as

dificuldades, diria, da esmagadora maioria das famílias portuguesas e das empresas portuguesas, naquilo que

é o desastre da sua política orçamental, da sua política económica e da sua política social. Mas, acima de

tudo, o Sr. Primeiro-Ministro quer colocar o País numa posição de chantagem perante o falhanço da sua

própria política. Diz-nos o Sr. Primeiro-Ministro que mais não há a fazer senão atacar aquilo que é a despesa

pública, em particular nas áreas sociais.

Mas o que o Sr. Primeiro-Ministro jamais quis aflorar durante a entrevista, ontem, foi a questão do

crescimento económico. E esse é o debate central que o País tem de fazer, sobre como é que o País recupera

instrumentos, capacidade de investimento, vontade, iniciativa, quadros, políticas públicas de investimento,

para fazer um processo de reconversão da sua economia que permita crescimento económico, que permita

qualquer esperança para o futuro de reconversão da nossa própria estrutura política e do tecido económico.

Creio que esse é o debate que o Sr. Primeiro-Ministro não quer fazer. O Sr. Primeiro-Ministro tem um

entendimento punitivo sobre a estrutura económica em Portugal: é preciso deixar falhar tudo e, depois, das

cinzas vai renascer — não se sabe é como — uma nova iniciativa, mas não há qualquer intervenção pública.

Portanto, julgo que o debate sobre o crescimento é um debate fundamental.

Mas há uma segunda questão. Viu-se, agora, no exato momento em que o Sr. Deputado Costa Neves fazia

a sua intervenção, aquilo que tem sido uma vontade reiterada, por parte do PSD e do CDS, de fazer uma

piscadela de olhos ao Partido Socialista. Ora, acho, Sr. Deputado, que temos de ser claros nas respostas que

damos: uma coisa é falarmos sobre reformas da despesa pública, dos serviços públicos, mas estarmos no

terreno da discussão das políticas públicas; outra coisa é achar que gastar 70% na educação, na saúde, na

segurança social e em salários é um erro e que é com isto que devemos acabar.

O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Peço-lhe que conclua.

A Sr.ª Ana Drago (BE): — Concluo já, Sr. Presidente.

Será que devemos gastar em doces, submarinos, rotundas, naqueles programas de formação para os

trabalhadores dos aeródromos…? Para o Governo, deve ser isso que é o investimento público e a despesa

pública.