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I SÉRIE — NÚMERO 25

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bem difíceis, pelas quais passámos, não se vislumbra, com este Governo e as suas políticas, uma luz de

esperança ao fundo do túnel.

Nesse contexto, aliás, a entrevista ontem dada pelo Primeiro-Ministro a um canal de televisão foi mais uma

mancha nesse quadro de desolação, de ausência de estratégia, de seguidismo acrítico das correntes

ultraliberais e antissocial-democráticas europeias.

Na entrevista de ontem, o Primeiro-Ministro não disfarçou a sede com que quer desmantelar o Estado

social e fixou a educação dos portugueses como o seu primeiro alvo.

Desinvestir na educação tem vários significados: significa a hipoteca do futuro, a redução do potencial de

crescimento e o aumento das desigualdades. Estes significados expressam bem a falta de visão e de ambição

que o Primeiro-Ministro tem para o País.

Estes significados representam o regresso ao País pobre de outros tempos, dos tempos onde os

rendimentos das pessoas condicionavam o seu acesso à educação em Portugal. Esses são tempos do

passado, a que os portugueses não querem voltar. Queremos continuar a ter uma educação pública de

qualidade, de que todas as crianças, todos os jovens e todos os adultos possam beneficiar,

independentemente das suas condições económicas.

Para o PS, não haverá educação para ricos e educação para pobres.

A entrevista de ontem mostrou ao País um Primeiro-Ministro sem soluções para os problemas dos

portugueses. O Primeiro-Ministro só vê o Memorando à sua frente. Para o Primeiro-Ministro tudo vai bem,

apesar de o desemprego ser o maior de sempre e de a nossa economia continuar a cair.

Aplausos do PS.

O País confirmou que tem um Primeiro-Ministro isolado dos portugueses e distante da realidade; um

Primeiro-Ministro que não conseguiu disfarçar o seu enfado ao ter de reconhecer que outros, entre os quais o

Secretário-Geral do Partido Socialista, tinham feito na Europa o trabalho de casa que lhe competia; um

Primeiro-Ministro sem voz na Europa, onde os benefícios nos chegam mais porque também foram atribuídos à

Grécia ou à Irlanda, do que por iniciativa e proposta do Governo português.

Vozes do PS: — Ora bem!

O Sr. João Soares (PS): — Sei, estou certo de que sabemos todos, quaisquer que sejam as diferenças

ideológicas e partidárias que nos separam, que a crise terrível que estamos a viver nos excede em muito. Ela

é, como o PS sempre sublinhou, antes de mais, uma crise do próprio projeto europeu.

A crise atual tem a sua origem na quebra dramática de confiança no sistema financeiro internacional, que

começa em 2008 nos Estados Unidos e que alastrou, num verdadeiro tsunami, pelo mundo, e muito

especialmente na Europa.

Há que reconhecer, até porque essa é a razão básica das nossas necessidades atuais, que o sistema

financeiro, na Europa e no mundo, se transformou, no último meio século, numa realidade virtual, muito

distante da real construção da riqueza e do bem-estar dos povos.

As bolsas de valores dos tristemente famosos mercados estão cheias de operações derivadas de

engenharia financeira indecifrável que, para além de acentuarem as perversões a cada minuto, contribuem, de

forma dramática, para agravar as dificuldades dos países que se lhes transformam em alvo.

A saída para esta crise é extremamente difícil, mas, na minha opinião, não passa pelos chamados

mercados. Terá de ser uma saída política, mas uma saída política que tem de ser encontrada, antes de mais

— como, aliás, o PS e o seu secretário-geral sempre têm dito —, no quadro europeu.

Por pura arrogância da equipa que nos governa, chegámos a um ponto de quase não retorno. O

Orçamento do Estado, anteontem aprovado, é um documento impraticável — todos o dizem, mesmo dentro

das famílias políticas que apoiam o Governo.

No meio deste imenso ataque aos trabalhadores e aos empresários portugueses, surge agora, talvez, uma

luz: a possibilidade de mais tempo e de juros mais baixos.