I SÉRIE — NÚMERO 25
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Estes vários outros mecanismos de proteção garantem que, dos vários descritores da REN, isto é, dos
vários elementos sensíveis que a REN protege, todos eles, exceto eventualmente um, que são umas arribas
que possam estar em risco de desmoronamento, estão já protegidos por outros mecanismos, nos quais o
Estado tem o mesmo papel de planeamento, de fiscalização e, eventualmente, de autorização de utilizações.
O que temos hoje, no caso da REN, é uma sobreposição, praticamente integral, sendo estes novos
mecanismos que temos mais adequados, porque são mais modernos e mais pensados tendo em conta o
conhecimento que hoje temos sobre cada um desses meios, os quais podem estar em risco.
É verdade ou não que uma mudança do regime da REN não vai deixar nenhum desses espaços
ambientais em risco?! É que todos eles continuam a ter proteção.
É verdade ou não que, eliminando essa sobreposição, mantemos uma proteção?
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Sr. Deputado, peço-lhe que conclua.
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — Sr. Presidente, vou terminar com a segunda pergunta, que é a
seguinte: Sr.ª Deputada, é verdade ou não que todos estes espaços ambientais sensíveis têm hoje, pelo
menos, duas entidades do Estado a protegê-los e a regulá-los?
E é verdade ou não que, ao contrário do que diz o Sr. Deputado Paulo Sá, mesmo que desaparecesse, que
concentrássemos hoje os órgãos da REN, continuaríamos a ter o Estado em todos estes espaços, a controlar?
É verdade ou não que mantemos o ambiente protegido?
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Também para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Pedro
Farmhouse, do PS.
O Sr. Pedro Farmhouse (PS): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, começo por agradecer à Sr.ª
Deputada Heloísa Apolónia que tenha trazido a este Plenário este tema importante, que mais não é do que um
sinal das intenções deste Governo em relação às matérias do ambiente, seja por omissão, seja por
desregulamentação.
Esta é mais uma marca da falta de diálogo que o Governo tem mantido nas áreas do ambiente, como
comprova o comunicado da Liga para a Proteção da Natureza, como representante das organizações não-
governamentais do ambiente e do ordenamento do território, que saiu da Comissão Nacional da Reserva
Ecológica Nacional em protesto para com a intenção do Governo de acabar com esta Reserva Ecológica.
Também em relação à própria Lei de Bases do Ambiente, as mesmas organizações denunciaram a falta de
diálogo do Governo.
Esta é uma marca deste Governo, que não pode agora dizer que não é verdade. São as próprias
organizações que assim o afirmam em vários comunicados, seja no parecer sobre a Lei de Bases do
Ambiente, seja em relação às declarações da Sr.ª Ministra a propósito de fazer desaparecer a Reserva
Ecológica Nacional.
Não posso deixar de comentar a intervenção anterior do Sr. Deputado António Leitão Amaro, que diz haver
uma sobreposição. Não, não há uma sobreposição, mas sim uma complementaridade entre a diferente
legislação e que deve continuar a ser complementar e não apenas uma mera questão de duplicação de
autorizações, como o Sr. Deputado aqui tentou fazer passar a ideia.
É, pois, exatamente nesse sentido, Sr.ª Deputada, que lhe faço duas perguntas.
A primeira é no sentido de saber se, na sua opinião, a tentativa — que será, provavelmente, concretizada
— de retirar competências à Reserva Ecológica Nacional não é a de eliminar redundâncias e burocracia
existentes mas antes a de contribuir para eliminar a proteção de uma parte significativa das áreas com
necessidade premente de um regime de conservação da natureza. Não considera que isso é mais um passo e
um sinal no desmantelamento da legislação de proteção ambiental e de ordenamento do território e que
deveremos temer o pior quando chegar, finalmente, a este Plenário, a lei de bases do ordenamento do
território e dos solos, que está prometida para ser apresentada brevemente por este Governo?