30 DE NOVEMBRO DE 2012
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ordenado. Estas bolsas são, pois, importantes, e a criação de um parque habitacional para este efeito parece-
me importantíssima.
O aumento das dotações para as casas-abrigo também me parece uma medida importante e as
campanhas e jornadas que têm sido realizadas, ultimamente, e a que temos assistido na televisão, no domínio
da sensibilização para a violência doméstica, são, de facto, importantíssimas. A campanha é interessante e
alerta-nos para um problema, que é o da violência no namoro. A violência no namoro precisa de ser olhada
com olhos de ver, pois não está devidamente contemplada na nossa legislação, uma vez que o artigo 152.º do
Código Penal, na sua formulação, permite uma interpretação que afasta a violência no namoro. É preciso olhar
para esta situação e, por isso, pergunto ao Sr. Deputado se entende ou não que devemos fazer algum
ajustamento, em termos de aplicação ou até de formulação do artigo 152.º…
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Peço-lhe que conclua, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Maria Paula Cardoso (PSD): — Vou já concluir, Sr. Presidente, mas peço-lhe um pouco de
tolerância, uma vez que também foi tolerante com os colegas que me antecederam.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Com o Deputado Mendes Bota!
A Sr.ª Maria Paula Cardoso (PSD): — Em relação às condenações, são ténues e, por vezes, difíceis,
porque a prova também é difícil. Por isso, gostava de saber se há alguma sugestão, quer a nível nacional quer
a nível europeu ou internacional, nas instâncias em que o Sr. Deputado se insere, que nos possa ajudar, no
sentido de tornear o problema da prova. É que a prova é difícil porque se baseia em declarações da vítima,
que, por medo ou receio, no dia do julgamento, muitas vezes, não as presta e compromete irremediavelmente
as condenações.
Resta-me reiterar o agradecimento ao meu Colega Mendes Bota, por todo o trabalho e empenho que tem
tido, e referir o grande trabalho que está a ser feito pela Secretaria de Estado dos Assuntos Parlamentares e
da Igualdade, em relação a estas matérias, bem como o empenho e a prioridade que lhes têm sido dados nas
políticas que são implementadas.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Sr.ª Deputada, já excedeu o tempo de que dispunha em 100%.
A Sr.ª Maria Paula Cardoso (PSD): — Termino, Sr. Presidente, agradecendo, mais uma vez, ao meu
Colega Mendes Bota a declaração política que fez.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Teresa
Caeiro, do CDS-PP.
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Mendes Bota, em primeiro lugar, tenho de
o saudar, mais uma vez, e muito vivamente, pela forma absolutamente comprometida, empenhada, militante e
muito desassombrada com que, há tantos anos, se dedica a esta causa, num combate sem tréguas para a
eliminação efetiva de todas as formas de violência contra as mulheres, não só aqui, neste Parlamento, mas no
Conselho da Europa, em tantos locais e em tantas circunstâncias.
Bem-haja por isso! Nunca será demais saudá-lo.
Concordo com a Sr.ª Deputada Isabel Alves Moreira, quando diz que todos os dias são dia 25 de
novembro.
Lembro que, daqui a pouco, vai ser votado um voto subscrito por todas as bancadas, a propósito deste dia,
desta efeméride anual contra todas as formas de violência sobre as mulheres, e que não há justificação
possível para este tipo de ataques bárbaros à dignidade do ser humano.
Mas, e aqui discordo de alguma interpretação que se pretende fazer em torno deste flagelo, pergunto-lhe,
muito simplesmente, o seguinte, Sr. Deputado: considera que se pode fazer uma interpretação, em meu