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30 DE NOVEMBRO DE 2012

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… vários intervenientes das várias forças de segurança, magistrados judiciais, magistrados do Ministério

Público, o Bastonário da Ordem dos Advogados, ONG, e percebemos que, sem uma coordenação, sem uma

articulação adequada, não conseguimos pôr em prática este edifício jurídico, este edifício legal de que já

dispomos e que é verdadeiramente progressista.

Ainda temos um caminho longo a percorrer. Isto porque não há tantas acusações quantas seriam

desejáveis, não há tantas condenações quantas seriam as necessárias, não há a aplicação efetiva, eficaz e

fiscalizável de medidas de segurança e coação, como, por exemplo, a do afastamento dos agressores em

relação às vítimas.

Sr. Deputados Pedro Delgado Alves e Sr.ª Deputada Carla Rodrigues, devo dizer a ambos, porque penso

que os problemas são comuns, que considero que também chegou a altura de invertermos um pouco a lógica

de que a vítima é que tem de sair da residência e procurar apoio.

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Muito bem!

A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Na verdade, o agressor é que tem de ser afastado da vítima, tem de

ser afastado do local do crime, que é, normalmente, a casa de morada de família e ser eficazmente impedido

de continuar a prática do crime de violência, do assédio, da perseguição e de todos esses tentáculos que

fazem parte deste flagelo genérico que é a violência sobre as mulheres.

Aplausos do CDS-PP e do PSD.

A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Cecília Honório.

A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Teresa Caeiro, quero cumprimentá-la pela

intervenção que aqui fez hoje e pela urgência de continuar o combate pela eliminação de todas as formas de

violência contra as mulheres. Nesse sentido, saúdo a importância da sua intervenção.

Reconheço, igualmente, que há, de facto, uma vontade política, pelo menos relativamente aos grandes

problemas que estão identificados, e o Bloco de Esquerda tem orgulho no caminho que fez para que esta

vontade política tenha colhido a maioria dos representantes e das representantes que estão nesta Câmara.

Temos orgulho deste caminho e reconhecemos sinais importantes, nomeadamente da sua bancada, Sr.ª

Deputada.

Estamos a discutir, como sabe, alterações legais importantes no que diz respeito ao Código Penal e ao

Código do Processo Penal e reconhecemos, por parte das bancadas da maioria, uma sensibilidade à

necessidade de alterar a cultura jurídica e, simultaneamente, de apoiar uma iniciativa do Bloco de Esquerda

que diz respeito ao reforço da vigilância com a utilização das pulseiras eletrónicas e, desta forma particular, de

vigilância sobre os agressores. Saudamos este sinal positivo.

No entanto, não podemos deixar de ignorar os dias. Queria perguntar-lhe como se sente e como perspetiva

este combate, que nos une nos objetivos, perante a evidência e a denúncia de muitas organizações que, no

terreno, trabalham no combate à violência contra as mulheres, no combate à violência doméstica, porque

aquilo que elas nos dizem é que os corte nos apoios sociais, os corte nas prestações sociais, têm reduzido

substancialmente a autonomia das mulheres. O que elas nos dizem é que as políticas de austeridade terão, a

prazo, efeitos evidentes no aumento destes crimes hediondos. O que elas nos dizem é que as dificuldades que

se vivem, a impossibilidade de as vítimas se separarem dos agressores por dificuldades económicas trazidas

por estas políticas de austeridade aumentam o silêncio e dão menos visibilidade à realidade da violência, que

continua dentro das paredes de um lar.

Quero perguntar-lhe, Sr.ª Deputada, quais são as suas perspetivas, as da sua bancada e as deste

Governo, relativamente a estas denúncias e ao recuo que é o agravamento do silêncio e o agravamento da

possibilidade de as mulheres se autonomizarem num quadro de crise e, em consequência, das políticas de

austeridade do seu Governo.

Aplausos do BE.