30 DE NOVEMBRO DE 2012
9
Volto a dizer: penso que o nosso edifício jurídico está relativamente adequado. Não rejeitamos, à partida, a
possibilidade de o adequar e de o aperfeiçoar para que todas as formas de violência fiquem enquadradas, mas
pensamos que isso tem de ser feito com toda a ponderação e com todo o rigor.
Relativamente à outra questão, as Sr.as
Deputadas — e era verdadeiramente aí que queriam chegar —
querem fazer um nexo de causalidade entre a situação financeira do País e das famílias e o aumento da
criminalidade.
Protestos do PCP e do BE.
Esse nexo de casualidade não só é muito temerário, como não tem qualquer base científica.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — É verdade!
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — O Sr. Deputado Nuno Magalhães, que há anos fala sobre justiça e
política criminal, disse ao Partido Socialista, quando era Deputado da oposição: «Não há evidência, não é
possível fazer esse nexo. Ele é tremendamente superficial e injusto…»…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Exatamente!
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — … «… e não há qualquer base científica para esse efeito.
Agora, se me perguntarem se as carências económicas têm um impacto sobre as famílias, respondo que é
evidente que sim. Mas, entre esse impacto, essa tensão, e o facto de as pessoas serem levadas à prática do
crime de violência doméstica vai um passo muito longo.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Temos, isso sim, de ter uma postura de absoluta intolerância em
relação à prática de quaisquer atos violentos, em qualquer dos casos, quer seja em relação à mulher, em
relação aos filhos ou em relação a outros dependentes que coabitem no mesmo espaço. Agora, fazer esse
nexo de causalidade é inaceitável, pelo que não posso, de forma alguma, corresponder àquilo que as Sr.as
Deputadas gostariam que eu dissesse.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado
António Filipe.
O Sr. António Filipe (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Em 2003, o Governo PSD/CDS-PP, tendo
como Primeiro-Ministro o Dr. José Manuel Barroso e como Ministro da Defesa Nacional o Dr. Paulo Portas
(sempre preocupados com o controlo da despesa pública), comprou à empresa alemã MAN Ferrostaal dois
submarinos pela quantia de 1070 milhões de euros.
De acordo com a engenharia financeira consagrada na Lei de Programação Militar, aprovada pelos partidos
da troica, o Estado português pagou 185 milhões de euros até 2011, entre 2012 e 2017 pagará mais 410
milhões de euros, entre 2018 e 2023 pagará mais 407 milhões de euros. Os submarinos só estarão pagos em
2026. Entretanto, os portugueses veem os subsídios de férias e de Natal «ir por água abaixo», porque, de
acordo com o PSD e o CDS, andaram a viver acima das suas possibilidades.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. António Filipe (PCP): — Como é sabido, a aquisição de equipamentos militares deveria, nos termos
da lei, gerar contrapartidas para a indústria nacional. Nos termos do Decreto-Lei n.º 154/2006, «contrapartidas
são as compensações acordadas entre o Estado e um fornecedor de material de defesa, suscetíveis de