13 DE DEZEMBRO DE 2012
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com a estrutura representativa dos trabalhadores — e saúdo os seus dirigentes, aqui presentes, a assistir à
sessão — e, sobretudo, para encararmos situações específicas, que eu sei prenderem-se com alguns aspetos
polémicos, nomeadamente a nível dos feriados, tais como os que têm a ver com a questão do 25 de Abril, com
a questão dos conteúdos funcionais do pessoal das residências, o que, naturalmente, contará com a abertura
do Governo para podermos encontrar soluções pragmáticas que não comprometam o essencial, que é
podermos ter serviços mais eficazes, mais modernos e que atinjam os objetivos de representação do Estado.
Aplausos do PSD.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Pisco.
O Sr. Paulo Pisco (PS): — Sr.ª Presidente, Srs. Secretários de Estado, Sr.as
e Srs. Deputados: Gostaria de
começar por saudar os membros da direção do sindicato que se encontram a assistir à sessão, passando a
dizer algumas coisas relativamente a este diploma.
Em primeiro lugar, saudamos a abertura para a negociação de alguns aspetos que são efetivamente
polémicos. Esta revisão do regime jurídico-laboral dos trabalhadores dos serviços periféricos do Ministério dos
Negócios Estrangeiros, isto é, dos consulados, missões diplomáticas e residências oficiais do Estado, ocorre
num ano que terá sido, provavelmente, um dos mais difíceis para os funcionários consulares.
Pela consideração que os servidores do Estado devem merecer, pelo respeito devido às Comunidades
Portuguesas e para bem da nossa imagem externa, o Governo não deveria continuar indiferente aos sérios
problemas que estão a afetar os trabalhadores consulares, entre os quais há relatos de situações de pobreza
em alguns países, particularmente devido à acentuada degradação salarial. Ao mesmo tempo, o esforço que
lhes é pedido aumenta por causa da redução do número de funcionários e do crescimento dos fluxos
migratórios, criando assim uma situação cada vez mais difícil.
O novo decreto-lei prevê algumas alterações importantes quanto à redefinição das carreiras, às tabelas
remuneratórias, à mobilidade dos trabalhadores, aos chamados «assistentes de residência» e em relação às
contribuições sociais, entre outros aspetos. Apesar de haver alguma indefinição quanto à legislação
complementar, que esperemos não traga surpresas desagradáveis, devemos reconhecer melhorias quanto à
eliminação de algumas distorções salariais, harmonização de contratos e no âmbito da proteção social.
Mas há propostas que merecem uma clara rejeição ou um veemente reparo por atentarem contra alguns
dos nossos valores fundamentais ou por conterem discriminações inaceitáveis.
Merece uma clara rejeição, por exemplo, a inacreditável proposta de eliminar o feriado do 25 de Abril,
tornando-o facultativo, tal como consta do artigo 17.º. Ainda pensámos que fosse um engano ou uma
distração. Mas não, o Governo pretende mesmo que os trabalhadores dos serviços externos tenham apenas
como feriados fixos o 10 de junho e o 25 de dezembro, ficando os restantes sete ao critério dos chefes da
missão diplomática.
Não bastava já o Governo ter eliminado os feriados dos dias 1 de dezembro e 5 de outubro, para agora
também querer desvalorizar o dia mais simbólico da história da nossa democracia, o que não deixa de dizer
muito sobre quais são os valores realmente importantes para esta maioria que nos governa. A verdade é que
nenhum democrata pode aceitar que o 25 de Abril passe a ter um valor menor ou que o seu simbolismo,
associado ao fim da ditadura, seja diminuído. O PS exige, por isso, um terceiro feriado fixo: o do 25 de Abril.
Ou, então, pediremos a apreciação parlamentar do diploma.
Por outro lado, também as questões salariais merecem uma chamada de atenção. O efeito conjugado dos
congelamentos e dos cortes salariais, de elevados níveis de vida e da desvalorização cambial em diversos
países, de que a Suíça, o Luxemburgo, o Reino Unido, o Canadá, os Estados Unidos e a Austrália são
exemplos expressivos, tem originado perdas brutais do rendimento disponível, criando problemas sérios a
muitos funcionários.
O Governo não deve, por isso, continuar a tratar da mesma forma realidades completamente diferentes, o
que está a ter pesadas consequências na situação de muitos trabalhadores e na qualidade dos serviços. O
que é desejável, portanto, é que a fixação dos novos sistemas remuneratórios não contribua para degradar
ainda mais a situação salarial da generalidade dos funcionários, colocando em causa a própria
sustentabilidade dos serviços consulares. Seria importante, assim, que a atualização das tabelas