I SÉRIE — NÚMERO 30
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Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro do Ó Ramos.
O Sr. Pedro do Ó Ramos (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Abel Baptista, muito obrigado pelas
questões que colocou.
De facto, estas questões incomodam. Bastas vezes temos trazido a agricultura à discussão neste Plenário.
Antigamente, vínhamos sempre carpir mágoas sobre o estado da agricultura portuguesa. É verdade que o
caminho ainda é longo e temos um grande percurso por fazer, mas também é verdade que, felizmente, vamos
tendo boas notícias.
O Sr. Deputado acabou de referir algumas delas, como a questão dos 150 milhões de euros que resultaram
do protocolo com a Caixa de Crédito Agrícola; a questão dos estágios para jovens que estão, neste momento,
a procurar a agricultura, ao contrário do que sucedeu durante anos e anos, em que fugiam da agricultura — se
o pai tivesse sido agricultor, eles queriam estar longe desse setor de atividade.
Felizmente, apercebendo-se desse facto, em virtude, também, da grande afluência de candidaturas ao
PRODER, na medida em que se aplica relativamente aos jovens, o Governo tem conseguido dar essa
resposta. Ou seja este é, de facto, o caminho.
Sr. Deputado, ainda falta muito por fazer. De facto, temos empresas já muito competitivas, empresas que
conseguem ser casos de sucesso na Europa e no mundo, exportando produtos de grande qualidade — temos
dificuldade em competir em termos de quantidade, temos mais facilidade em competir pela qualidade dos
produtos. Mas a verdade é que temos de converter a nossa agricultura neste ponto: temos empresas muito
competitivas, muito dinâmicas, mas ainda há quem se dedique a uma agricultura de autossuficiência, e essa
agricultura (também sendo importante) tem que, aos poucos, melhorar para conseguir, também ela, ser
competitiva. Esse é um desafio que temos de colocar aos nossos agricultores. Os nossos agricultores estão a
acreditar neste Governo!
Também gostaria de destacar algo que é muito importante: a questão doa pagamentos. Por exemplo,
anteriormente não se sabia quando eram feitos os pagamentos, nomeadamente os pagamentos relativos ao
PRODER, e, hoje em dia, sabe-se que no dia X os pagamentos são feitos, o que é absolutamente decisivo
para os agricultores!
Vozes do PSD: — Bem lembrado!
O Sr. Pedro do Ó Ramos (PSD): — Sr. Deputado, não há dúvida de que a reconversão da nossa
agricultura faz-se com o Governo, com esta Câmara, com estes partidos políticos, que, no essencial, devem
estar de acordo, e faz-se, sobretudo, com a coragem que os agricultores devem ter para conseguirem
reconverter as suas explorações, para conseguirem ganhar dimensão, para conseguirem ganhar quota de
mercado e para que Portugal possa ter uma agricultura cada vez mais pujante.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Freitas, do PS.
O Sr. Miguel Freitas (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Pedro do Ó Ramos, antes de mais, queria
registar o facto de o PSD trazer este tema tão atual à Assembleia da República.
A minha primeira palavra é para os agricultores portugueses, porque se houve uma boa notícia para
Portugal de que os rendimentos dos agricultores vão aumentar este ano, isso deve-se aos agricultores
portugueses, ao seu esforço, à sua capacidade, não apenas de investir e de fazer mas também de conhecer
melhor os mercados. É a eles que se deve dirigir a palavra principal neste Parlamento pelo esforço que têm
vindo a fazer.
Querer associar esse facto ao trabalho do Governo parece-nos excessivo, até porque se considera — nós
não o consideramos — que a contratualização que existe entre a distribuição e a produção deu algum passo.