14 DE DEZEMBRO DE 2012
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Bom, na verdade, o que foi feito por este Governo aconteceu na semana passada, pelo que não tem nenhum
reflexo no rendimento dos agricultores este ano.
Sr. Deputado Pedro do Ó Ramos, pensamos que há matérias em que o Governo tem andado bem. O
Governo andou bem no que diz respeito aos prazos de pagamento do regime de pagamento único (foi
importante para os agricultores a antecipação das ajudas em outubro) e tem andado bem no domínio da
plataforma entre a distribuição e a produção, isto é, a legislação sobre esta matéria terá o nosso apoio porque
vai no bom sentido. Porém, Sr. Deputado, isso não nos deixa esquecer que há matérias em que temos uma
enorme discordância relativamente ao PSD, ao CDS e a este Governo. Essa discordância tem a ver com as
funções do Estado.
Na nossa opinião, há uma redução e uma perversão das funções do Estado por parte deste Governo em
matéria agrícola. Isso acontece, desde logo, em matéria de regadio, ao retirar 200 milhões de euros das
medidas de regadio, pondo em causa o Alqueva — Sr. Deputado, o Alqueva está em causa, porque este
Governo ainda não resolveu nada sobre o Alqueva, zero! Até este momento não mudou nada! O mesmo se
passa em matéria de sanidade animal e sanidade vegetal, existindo, neste momento, uma dívida, por exemplo,
quanto ao nemátodo do pinheiro que pode pôr em causa as exportações de madeira. A verdade, Sr.
Deputado, é que quando falamos de floresta o que podemos dizer é que este Governo abandonou
completamente o setor florestal.
Finalmente, ainda quanto à perversão das funções do Estado que os senhores se preparam para fazer,
queria questioná-lo diretamente, e ao PSD, sobre o que vão fazer à Companhia das Lezírias, sobre o que vão
fazer à Fundação Alter Real, porque é uma perversão das funções do Estado. Queria saber, Sr. Deputado, se
o PSD está de acordo em que a Fundação Alter Real, a coudelaria de Alter, seja entregue a privados. Isto é, o
Estado retira-se de lá, fica com a dívida de 2,5 milhões de euros, e os privados que lá permanecem ficam sem
nenhuma dívida, ficam com um laboratório de genética molecular, ficam com a autoridade equestre nacional,
ficam com o livro genealógico equestre, ou seja, ficam entregues a privados funções que são do Estado, algo
com que não podemos concordar.
Sr. Deputado, a última questão tem a ver com um concurso que foi aberto por este Governo no dia 6 de
dezembro. Este Governo era contra o controlo feito por privados.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Deputado, queira terminar, por favor.
O Sr. Miguel Freitas (PS): — No dia 6 de dezembro, o Governo abriu um concurso, no valor de 5 milhões
de euros, para contratar empresas privadas — aquilo que andaram a contestar sistematicamente — para fazer
os controlos do regime de pagamento único (RPU) em 2013 e 2014. Sr. Deputado, gostava de ouvir o seu
comentário — e, já agora, também um comentário do CDS — sobre esta matéria.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro do Ó Ramos.
O Sr. Pedro do Ó Ramos (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Miguel Freitas, muito obrigado pelas
questões que colocou. Folgo em saber que concorda com muitas das matérias que este Governo está a
implementar na área da agricultura. Aliás, eu já sabia que sim, mas é de louvar ter manifestado essa
concordância.
O Sr. Deputado falou na dívida. Se há dívida é porque alguém a deixou! Alguém deixou 6,7 milhões de
euros de dívidas às organizações de produtores pecuários (OPP), que este Governo tem «pago com língua de
palmo», com muita dificuldade, com muita imaginação, porque os senhores não deixaram lá o dinheiro.
Sr. Deputado, este Governo tem feito um esforço enorme para conseguir pagar essas dívidas. Ainda esta
semana, a Sr.ª Ministra e o Sr. Secretário de Estado anunciaram que vão fazer o pagamento integral das
dívidas às OPP até ao final deste ano. Vão fazê-lo com enorme dificuldade, mas vão fazê-lo.
O Sr. Abel Baptista (CDS-PP): — Muito bem!