20 DE DEZEMBRO DE 2012
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Públicas, não acompanhou esta privatização desde o início e até deu sugestões de como devia acompanhar
esta privatização.
Isto para não falar da EDP, Sr. Ministro. Há cinco meses que o relatório da privatização da EDP está feito,
mas não foi divulgado. Já para não falar do que se está a passar com os efeitos do Tratado da Carta da
Energia em Portugal, que não lhe devem dar poucas dores de cabeça…
Para além disso, há hoje empresas industriais a despedir e investimentos industriais perdidos. Há bem
pouco tempo, tivemos a QNET, a Faurecia, a Autoeuropa a parar por mais de um mês. E investimentos
perdidos como, por exemplo, a Renault-Nissan, ou o Rio Tinto que também não se fez.
Acresce que o Sr. Ministro tinha anunciado algumas medidas que eram interessantes, nomeadamente a
taxa de 10% no IRC — e o Sr. Ministro sabe bem o acordo que dávamos a essa iniciativa —, mas já está
envolvida uma comissão para 2014! Esse projeto, se o Sr. Ministro já não o perdeu, adiou-o de alguma
maneira e era uma trave-mestra importante do seu discurso político e da sua ação governativa.
Por outro lado, a questão do licenciamento zero. Mas qual licenciamento zero, Sr. Ministro? O senhor
acredita? Falou nisso e «caiu-lhe logo em cima» a Ministra do Ambiente, falou nisso e «caiu-lhe logo em cima»
o Dr. Moreira da Silva! Qual licenciamento zero, se não muda as leis do ordenamento do território nem a
competência para licenciar das diversas entidades?
Aplausos do PS.
A única forma de o Sr. Ministro ter licenciamento zero era copiar o que era o PIN+, mudando-lhe o nome se
entendesse! Mas isso era de mais, com certeza.
Portanto, neste quadro, Sr. Ministro, começar a industrialização sabe, em minha opinião, o que é? É ajudar
quem cá está, é ajudar as empresas industriais que cá estão, que não se vão embora e não querem
deslocalizar. É partir daí, então, para outros voos.
Sr. Ministro, com a política do Ministério das Finanças, com a política de austeridade, creio que o Sr.
Ministro vai ficar muito aquém dos seus grandiosos objetivos.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Drago.
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Sr. Presidente e Srs. Deputados, devo dizer que é sempre simpático que o Sr.
Ministro da Economia venha ao Parlamento apresentar um desejo vago, uma ideia sentida, acarinhada, mas
parece-me relativamente pouco no contexto económico em que estamos.
Portanto, Sr. Ministro, já ouvimos da sua parte todo um conjunto de ideias ao longo do tempo, que vai
desde o pastel de nata até à ideia de que um hotel no Algarve era uma boa forma para o cumprimento das
contrapartidas no negócio dos submarinos. Enfim, é uma visão estratégica para a economia do País, mas
creio que temos de discutir as verdadeiras dificuldades da economia portuguesa.
Começo, por isso, pela questão do financiamento.
Como sabe, as empresas portuguesas são as que pagam juros mais elevados no contexto europeu e eu
tenho alguma pena que o Sr. Ministro só tenha chegado a esta hora, houve aqui um desencontro, porque teria
um enorme prazer em lhe ter apresentado hoje o Presidente da Caixa Geral de Depósitos, o Dr. Faria de
Oliveira, que é, não sei se o Sr. Ministro sabe, presidente de um banco cujo acionista é o Estado.
Portanto, se o Estado tem uma estratégia para a economia devia utilizar, provavelmente na área do
financiamento, aquele que é o seu instrumento principal: a Caixa Geral de Depósitos.
Uma vez que há um conjunto de dinheiro para a recapitalização da banca, que está em Portugal, e uma
vez que o Governo está «sentado» em cima desse dinheiro, provavelmente era útil, num contexto de recessão
agravado, pegar nesse financiamento e dar às empresas, porque, Sr. Ministro, como bem sabe, houve ao
longo dos primeiros oito meses deste ano um corte de 6800 milhões de financiamento à economia, ao mesmo
tempo que a banca foi buscar 8800 milhões de euros no leilão do BCE em fevereiro e investiu 7400 milhões de
euros em dívida pública e 5400 milhões de euros em obrigações do Tesouro, o que significa que é mercado
secundário, o que significa que é uma tentativa de especulação.