20 DE DEZEMBRO DE 2012
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seja, pensarmos coletivamente no futuro do nosso País e, por isso mesmo, gostaria e vou promover reuniões
com os vários grupos parlamentares para todos poderem dar os seus contributos em relação a esta matéria.
Todos nós concordamos que a reindustrialização do País e o fomento industrial é fundamental para
voltarmos a crescer, para conseguirmos criar emprego e, por isso mesmo, tenho a certeza absoluta de que os
contributos dos partidos e dos grupos parlamentares serão não só muito bem-vindos como serão cruciais para
nós estabelecermos esta estratégia do fomento industrial 2013-2020.
Antes de responder às perguntas, gostaria de dizer algo que não disse na minha intervenção.
Em primeiro lugar, penso que é importante, na nossa reflexão coletiva, falarmos na necessidade de
concluirmos as infraestruturas e as redes transeuropeias de transporte, nomeadamente a ferrovia em bitola
europeia, que é preciso concluir até 2020, daqui até França.
Em segundo lugar, é importante que as ligações de energia, de gás natural e de eletricidade, as redes
transeuropeias de energia estejam concluídas também o mais brevemente possível. O Governo tem estado
empenhado, juntamente com as instâncias europeias, para que isso seja possível.
Em terceiro lugar, é importante falarmos na questão do financiamento, um dos vetores fundamentais para
conseguirmos financiar a industrialização do País, que passa exatamente pela questão do financiamento, quer
através de linhas de crédito quer através de linhas de capitalização das empresas — nomeadamente, em
colaboração também com a Caixa Geral de Depósitos.
Estamos a trabalhar numa linha de capitalização de 500 milhões de euros, que certamente é importante
reforçar no futuro; estamos a criar e já anunciámos uma linha PME Obrigações, de emissões agrupadas de
obrigações das PME; estamos a criar instâncias e, nomeadamente, bancos especializados para poder
fomentar a indústria, para poder fomentar as exportações, portanto instituições especializadas nesse campo;
estamos também apostados na criação de outros instrumentos de poupança, porque precisamos de pensar
em novos instrumentos de poupança para financiar exatamente a reindustrialização do País; e estamos a
estudar a criação de títulos de desenvolvimento, em que todos os portugueses podem participar para ajudar
no esforço de financiamento das nossas indústrias.
Em quarto lugar, gostaria de dizer que outro vetor fundamental é, obviamente, a formação. Grande parte do
esforço do novo Quadro Comunitário tem de ser para a formação, nomeadamente para a formação
profissional, para o ensino técnico e para o sistema dual e de aprendizagem. Tencionamos triplicar o número
de estudantes e de trabalhadores no ensino dual e de aprendizagem até 2020, tencionamos fazer com que os
incentivos existam para que a nossa indústria seja 20% do nosso PIB e as exportações representem 50% do
nosso PIB, em 2020.
Para além destes incentivos à formação, que também são fundamentais para combater o abandono
escolar, temos de ter incentivos fortes ao nível fiscal e ao nível financeiro. O novo QREN tem de estar muito
vocacionado exatamente para a reindustrialização do País e os incentivos fiscais têm de ser fortes e arrojados,
por forma a tornar o nosso investimento, quer seja nacional quer seja estrangeiro, muito mais atrativo para
dinamizar o crescimento.
Ao nível europeu, é fundamental não só revermos toda uma série de políticas, desde comerciais a auxílios
do Estado, mas também a concluir o mercado único europeu. Não é aceitável que, 20 anos após o mercado
único ter sido lançado, ainda tenhamos de concluir — e estamos muito longe de o fazer — esse mercado
único na área das telecomunicações, na área da energia e na área dos serviços. Por isso mesmo, é
fundamental empenharmo-nos para que a Europa conclua esse mercado único. Isso é muito importante para
as nossas empresas.
Também há que apostar no desenvolvimento regional através da valorização, de criar valor ao nível local,
na criação dos clusters e há que consolidar mais as nossas PME.
Todas essas políticas são absolutamente fundamentais e, obviamente — respondendo a algumas questões
que aqui foram colocadas —, é fundamental afirmar que a nova indústria em que estamos a apostar não é
uma indústria do século XIX.
Protestos do Deputado do PCP Agostinho Lopes.
Quem pensa que a indústria é inimiga do ambiente não entrou numa empresa e não pensa na necessidade
de apostar na indústria verde e em indústria que respeite o meio ambiente.