I SÉRIE — NÚMERO 37
14
O Sr. Marcos Perestrello (PS): — Esta hesitação que o Ministro da Defesa teve no respeitante ao quadro
orgânico da Autoridade Marítima levou-o a desenvolver um diploma que, inicialmente, pelas suas declarações
públicas, indiciavam ir num determinado sentido, mas que acabou por confirmar a orgânica que estava
previamente estabelecida.
Entendemos que o conceito Marinha de duplo uso, tal como o temos, que é hoje estudado com grande
interesse por diversas potências internacionais, entre elas os Estados Unidos da América, tem apresentado
resultados muito positivos, é um conceito complexo, é um conceito que requer uma aplicação e uma execução
cuidadosas. Por isso, abre espaço a este tipo de discussões recorrentes, que o PCP traz periodicamente a
esta Assembleia e que entendemos que não fazem sentido.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Marcos Perestrello (PS): — Temos um quadro orgânico genericamente bem estabelecido. Não
fossem as hesitações e a confusão lançada pelo próprio Governo nesta matéria e não estaríamos hoje, aqui, a
ter essa discussão, mais uma vez.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr. Deputada Mariana
Aiveca.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Acompanhamos esta apreciação
parlamentar do PCP relativa ao Decreto-Lei n.º 235/2012, que estabelece a estrutura, organização,
funcionamento e competências da Autoridade Marítima Nacional, até por toda esta confusão legislativa que
ocorreu sob a bandeira de um conceito estratégico que, efetivamente, ainda não veio a debate e, ao que
parece, tendo sido anunciadas ontem e dado entrada as grandes opções do Conceito Estratégico de Defesa
Nacional, já está agendado para discussão no próximo dia 25, o que nos inibe de uma participação e
discussão mais estruturada. Queríamos deixar já expressa esta crítica.
Por isso mesmo, o Governo envolveu-se em produção de legislação que mais não tem feito do que uma
grande baralhação. E também aqui se verifica essa mesma baralhação, porque esta Autoridade fica sob a
dependência direta da Marinha, não devendo fazer a devida separação, porquanto, em nosso entender, choca
com duas áreas de natureza diferente, a área civil e a área militar.
Nessa circunstância, a área militar deveria, sim, ficar na dependência do Chefe do Estado-Maior da
Armada, enquanto tudo o que é área civil ficaria na dependência direta do Ministro da Defesa Nacional.
Não obstante todo o quadro aqui mostrado pelo Sr. Deputado do PSD, a verdade é que estamos hoje com
grande dificuldade em perceber, nomeadamente, quem dirige a Polícia Marítima, porque é uma força de
segurança e um órgão de polícia criminal.
Por essa mesma razão, muito embora o Bloco de Esquerda tenha opinião sobre o novo Conceito
Estratégico de Defesa Nacional, a bem da clarificação, consideramos que toda esta legislação deveria ser
produzida só após a discussão do novo Concito para a harmonia ser diferente daquela que hoje existe, porque
vivemos, de facto, uma grande confusão com esta Autoridade Marítima Nacional.
A seguir, iremos discutir a legislação sobre uma outra Autoridade, pelo que também aqui se irá, com
certeza, repercutir toda esta confusão.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Secretário de Estado
Adjunto e da Defesa Nacional.
O Sr. Secretário de Estado Adjunto e da Defesa Nacional (Paulo Braga Lino): — Sr. Presidente, Sr.as
e
Srs. Deputados: A Autoridade Marítima Nacional foi criada em 2002 com o principal objetivo de coordenar os
órgãos e serviços integrados na Marinha. Estes têm competências ou desenvolvem ações enquadradas no