5 DE JANEIRO DE 2013
15
Sistema da Autoridade Marítima nacional, umbilicalmente ligado ao Ministério da Defesa Nacional. Assumiu,
no entanto, uma vertente interministerial, em virtude da dispersão de estruturas com competências no MAI.
De acordo com o diploma aprovado pelo Governo já em outubro do ano passado, o Almirante CEMA, chefe
militar, é, por inerência de funções, a Autoridade Marítima Nacional. Este modelo de inerência de funções não
é exemplo único no nosso ordenamento jurídico-constitucional.
De resto, o modo como as forças militares e o poder político interagem na defesa dos interesses do povo
português ressalta, de forma evidente, da nossa Constituição, bem como de toda a legislação relativa às
Forças Armadas.
Contudo, uma deficiente definição legal desta figura, associada a uma significativa dispersão legislativa,
gerou uma enorme confusão na sua interpretação e impunha-se a clarificação legislativa que definisse, de
forma inequívoca, que a Autoridade Marítima Nacional dependia da tutela política e que está fora da orla
militar. Este diploma serve, pois, tal propósito: clarificar a questão da tutela política e orgânica da Autoridade
Marítima Nacional. Trata-se de um chefe militar, sim, mas que, na qualidade funcional de Autoridade Marítima
Nacional, depende do Ministro da Defesa Nacional.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Há aqui uma confusão!…
O Sr. Secretário de Estado Adjunto e da Defesa Nacional: — Aliás, aproveito para agradecer ao PSD o
facto de ter apresentado o PowerPoint que expôs. Eu próprio trazia um esquema para o caso de não estar
bem percebido e é sempre a melhor forma de clarificar as questões.
Refira-se que o nosso quadro constitucional atribui ao Governo, enquanto órgão superior da Administração
Pública, a função de polícia como forma de garantia da defesa da legalidade democrática e da segurança
interna. A Autoridade Marítima Nacional coordena um conjunto de órgãos e serviços sujeitos ao poder de
direção e controlo do Sr. Ministro da Defesa Nacional.
Estamos perante uma estrutura autónoma do Ministério da Defesa Nacional que utiliza recursos humanos e
materiais da Armada, numa lógica de duplo uso. Não estamos em condições de desperdiçar recursos
humanos e materiais afetos às Forças Armadas, sobretudo quando essa utilização não compromete o estado
de prontidão daqueles recursos.
As Forças Armadas, estando ao serviço do povo português e da Nação, não são, não podem e não devem
ser uma estrutura à margem, separada e alheada dos desafios e obstáculos que todos os portugueses
enfrentam. O enorme esforço de otimização dos recursos tem, assim, como principal objetivo a produção de
segurança marítima.
Este modelo de Autoridade Marítima Nacional é um modelo desconcentrado, cujo centro de gravidade
assenta no acervo de competências próprias do capitão do porto e o respetivo vínculo funcional compreende
um manancial de funções policiais, intrínsecas e corporizadas na Polícia Marítima.
Neste modelo, a Polícia Marítima integra, necessariamente, a estrutura da Autoridade Marítima Nacional,
constitui um dos seus órgãos e serviços e materializa um conjunto de funções executivas e policiais. A sua
génese histórica, aperfeiçoamento e consolidação são indissociáveis do funcionamento das capitanias dos
portos, que aproveitam economias de esforço e de escala, bem como o desenvolvimento de sinergias, por
partilha de conhecimentos e recursos das capacidades da Armada.
Este diploma resulta nisso mesmo: reconhecimento de uma componente de ação militar que constitui o
ramo naval das Forças Armadas, histórica e conceptualmente designado por Armada, e uma componente de
ação não militar, fora do propósito imediato e do âmbito próprio das Forças Armadas, que constitui uma outra
estrutura do Ministério da Defesa Nacional, designada Autoridade Marítima Nacional.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr. Secretário de Estado.
O Sr. Secretário de Estado Adjunto e da Defesa Nacional: — Vou terminar, Sr. Presidente.
Esta é a nossa visão. É este modelo que, nesta mesma visão, melhor defende os interesses nacionais e
garante a melhor utilização dos recursos disponíveis.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.