I SÉRIE — NÚMERO 37
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Estamos a tratar de uma área sensível que é a segurança interna e temos de clarificar, com muita
correção, aquilo que é o relacionamento das missões na área da defesa e aquilo que tem relacionamento com
a área da administração interna e da segurança interna.
Por isso, penso que esta parte tem de ser clarificada. Aliás, o debate anterior que tivemos sobre a
Autoridade Marítima demonstra, inequivocamente, que é necessária uma clarificação muito efetiva sobre quais
são os relacionamentos e as coordenações em termos desta área.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Miranda Calha (PS): — São estas as considerações que queria fazer em relação a este assunto,
sem deixar, no entanto, de referir uma questão que me parece essencial, Sr. Secretário de Estado: a mudança
de Autoridade Aeronáutica Nacional para Autoridade Aeronáutica de Defesa Nacional. Gostaria, se o Sr.
Secretário de Estado tiver oportunidade, que me explicasse a razão pela qual foi feita esta alteração, quando
era, em toda a legislação, Autoridade Aeronáutica Nacional.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana
Aiveca.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Sr. Presidente, Sr. Secretário de Estado Adjunto e da Defesa Nacional:
Muito rapidamente, o que quero dizer a propósito desta proposta de lei é que o seu conteúdo é praticamente
inócuo, não fora a pressão dos compromissos decorrentes de obrigações que temos para com a NATO, como
é do conhecimento do Sr. Secretário de Estado e também do público, compromissos, esses, que o Bloco de
Esquerda rejeita liminarmente.
Por ser esta a razão fundamental desta proposta de lei, nós não acompanhamos o seu conteúdo, porque
entendemos que em nada vai melhorar aquilo que é a gestão, se assim se quiser dizer, do nosso espaço
aéreo nacional.
Por outro lado, à semelhança da discussão que antecedeu esta proposta de lei, vemos que o formato é
exatamente o mesmo do da Autoridade Marítima Nacional, entrecruzando competências que, na nossa
opinião, não são apenas da defesa nacional mas também se prendem muito com a administração interna.
Creio, por isso, que esta proposta vai ajudar a mais confusão e apenas existe por imposição da NATO.
Por isso mesmo, não pode merecer a nossa concordância.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Secretário de Estado
Adjunto e da Defesa Nacional.
O Sr. Secretário de Estado Adjunto e da Defesa Nacional: — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados:
Procurando, de alguma forma, responder às questões que foram colocadas mas, dando primeiro uma
explicação, diria que a vigilância aérea constitui um elemento essencial para garantir a integridade e a
inviolabilidade do espaço aéreo nacional contra qualquer ameaça, assumindo o policiamento aéreo — repito, o
policiamento aéreo — um papel muito relevante na concretização desses objetivos.
Este policiamento aéreo, como função do Estado, engloba a utilização dos sistemas de vigilância do
espaço aéreo da estrutura de comando e controlo e o emprego de aeronaves militares com a finalidade de
garantir o exercício da autoridade do Estado no espaço aéreo nacional em tempo de paz. Esta função só pode
— e registo o que disse o Sr. Deputado António Filipe, com o qual estamos de acordo nessa matéria — ser
garantida pelos sistemas de armas da Força Aérea, os quais possibilitam permanentemente a vigilância do
espaço aéreo, através de sofisticados meios de deteção, de comunicação e de visualização e,
simultaneamente, asseguram o emprego de aeronaves com a finalidade de preservar a integridade do espaço