10 DE JANEIRO DE 2013
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Daí que, para além da alteração da cor, da textura e, eventualmente, do sabor, estejam em causa,
nomeadamente, preocupações de saúde pública e de segurança alimentar.
Entende, pois, o Partido Socialista que a aprovação do seu projeto de resolução, preferencialmente por
unanimidade, na Assembleia da República, dado que estão em causa os interesses nacionais e que há um
consenso alargado, por parte dos Deputados do Parlamento Europeu de todas as forças políticas, de que
devemos condicionar a alteração deste Regulamento, confortará, em primeiro lugar, a ação do Governo e dar-
lhe-á, sobretudo, mais autoridade e legitimidade política para, junto do Parlamento Europeu e do Conselho,
defender os interesses portugueses e garantir que a alteração do Regulamento não permitirá a incorporação
de polifosfatos no processo de salga do bacalhau, nomeadamente daquele que se destina a Portugal.
Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Entendemos que o que está em causa é, efetivamente, a defesa
dos interesses do País e, na defesa dos interesses do País, reclamamos e solicitamos a unanimidade desta
Câmara para a aprovação deste projeto de resolução, que, seguramente, ajudará o Governo a garantir, de
forma determinada, como, de alguma maneira, já tem feito — há que o reconhecer —, que, efetivamente, este
processo não terá sucesso no Parlamento e no Conselho e que, portanto, o bacalhau não terá alteração das
suas características para Portugal.
É fundamental para a nossa cultura, para as nossas tradições e para a economia portuguesa.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Hélder Sousa
Silva.
O Sr. Hélder Sousa Silva (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Vem o PS recomendar ao
Governo que solicite à Comissão Europeia que retire da agenda a alteração do Regulamento (CE) n.º
1333/2008, do Parlamento e do Conselho, e não do Regulamento (CE) n.º 1331/2008, Sr. Deputado Jorge
Fão, permita-me que o corrija, pois, naturalmente, é um lapso, que visa permitir o uso de polifosfatos no
processo de salga do pescado, invocando que esta proposta coloca em causa cerca de 2000 empregos e um
volume de exportações de cerca de 85 milhões de euros por ano, na indústria portuguesa de salga e secagem
de bacalhau.
Ora, Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, vamos aos factos, com realismo e sem demagogia.
A introdução de polifosfatos no peixe salgado fresco dificulta a maturação do bacalhau tradicional
português, alterando as suas características organoléticas específicas, e aumenta, como já foi dito, os custos
energéticos do processo de secagem do peixe.
Esta proposta de autorização para introdução de polifosfatos foi suscitada na Comissão Europeia, por
iniciativa da Noruega e da Dinamarca, em fevereiro de 2011.
Decorrente da audição à Associação dos Industriais do Bacalhau, o Grupo Parlamentar do PSD, em 29 de
março de 2012, formulou uma pergunta ao Governo sobre a matéria, evidenciando, desde logo, a sua grande
preocupação.
Da análise que fazemos do assunto, para nós, é claro que a Associação dos Industriais do Bacalhau,
desde janeiro de 2012, vem mostrando ao Governo e à Comissão Europeia a sua preocupação sobre a
matéria.
Também foram elaborados pela Secretaria de Estado do Mar, e atempadamente remetidos a Bruxelas,
pareceres técnicos que sustentam que a autorização destes aditivos acarreta graves prejuízos para a indústria
nacional do bacalhau.
Deve, ainda, ser salientado que tiveram lugar, durante março de 2012, algumas reuniões em Bruxelas,
envolvendo o Estado português, através da Secretaria de Estado do Mar, a Associação dos Industriais do
Bacalhau, assim como a Direção-Geral da Saúde e dos Consumidores da União Europeia, onde Portugal
reiterou a sua posição sobre a matéria.
Na sequência das referidas reuniões, Portugal voltou a enviar à Comissão dados complementares com os
impactos negativos da introdução dos polifosfatos.
Por último, a Comissão tem solicitado mais estudos e pareceres e adiado a introdução desta medida, em
total resposta às solicitações portuguesas, que vão no sentido de garantir o regime de exceção para Portugal.