17 DE JANEIRO DE 2013
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Económica e Monetária e o quadro financeiro plurianual, capaz de dotar a União Europeia e os Estados-
membros da coesão e do horizonte de ação necessários.
Em segundo lugar, tornar o discurso económico em paridade com o discurso do ajustamento financeiro.
Não há geração de confiança na economia se a narrativa política estiver esmagada pelas necessidades
orçamentais. Precisamos de recuperar dinamismo empresarial, fiscal e competitividade laboral, entre gerações
e intragerações. Precisamos de flexibilidade mas também de equidade; precisamos de sensatez e de políticas
públicas assentes no máximo de diálogo social.
Reformar é difícil, mas errar nem tanto!
É por isso que a Irlanda nos traz, como segunda prioridade, a aposta no investimento e nos recursos
europeus de forma sustentável. Para a presidência irlandesa, a próxima fase da recuperação europeia deve
abranger o mercado único do futuro, designadamente o mercado único digital, revelando a ênfase nas
gerações futuras e no combate ao flagelo do desemprego jovem.
Estamos certos que, neste domínio, por nós partilhado, a presidência irlandesa desempenhará um papel
importante, com vista a alcançar um acordo sobre o orçamento da União Europeia, que reforce a capacidade
de inovação e de investigação da União, bem como a coesão e o investimento inteligente nos recursos
naturais terrestres e marítimos, aspetos de enorme relevância para Portugal.
É importante ainda que a presidência irlandesa consiga fazer as pontes necessárias entre as sensibilidades
britânicas e o resto da Europa. Para o CDS, e estou certo que para Portugal, a permanência do Reino Unido
na União Europeia é absolutamente vital para a manutenção do projeto europeu, quer ao nível económico quer
ao nível da defesa e segurança comuns.
O CDS apela ao Governo português para, em sede de negociações europeias, insistir na coesão entre
Estados-membros e valorizar o perfil diplomático que nos caracteriza e que é assente na construção de pontes
e denominadores comuns entre interesses aparentemente divergentes. Também neste ponto, Portugal e
Irlanda podem e devem convergir na questão europeia.
Por fim, a recusa do fechamento da Europa ao resto do mundo. O protecionismo é um mal que devemos
evitar. Tal como a Irlanda tem uma economia aberta ao mundo, também a Europa deve saber aproveitar as
suas conquistas e modelos sociais para agir no quadro da competitiva globalização. Promovendo novos
mercados, melhores acordos comerciais, como o de livre comércio com os Estados Unidos, mais
oportunidades para as empresas e para os jovens empreendedores, assim gerando mais e melhor emprego;
promovendo, mas reforçando, o alargamento da União Europeia e o serviço de ação externa, com melhores
ferramentas e recursos humanos mais aptos a pensar o mundo e menos enfeitiçados pela bacoca burocracia
europeia; e promovendo mais coerência europeia na sua ação externa.
A presidência irlandesa e os interesses de Portugal têm tudo para convergir. Desejamos que saibam
colaborar e trabalhar em conjunto no semestre que agora se inicia. Bem hajam!
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Vitalino Canas.
O Sr. Vitalino Canas (PS): — Sr. Presidente, Srs. Secretários de Estado, Srs. Deputados: Bem sei que
neste debate não há a possibilidade de fazer perguntas ao Governo, mas há uma curiosidade que não posso
deixar de expressar aqui e que, aliás, já passou pelas intervenções anteriores, que é a de saber o que pensa o
Governo sobre este programa da presidência irlandesa, porque este programa é o contrário de tudo aquilo que
o Governo tem feito em Portugal.
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Muito bem!
O Sr. Vitalino Canas (PS): — Este programa da presidência irlandesa é um programa de um país, de um
Estado que, apesar de estar sob assistência externa, sabe o que quer e sabe que, nesta altura, é necessário
crescimento e criação de emprego. Portanto, neste programa o que está é uma estratégia da União Europeia
para o crescimento e para a criação de emprego.