I SÉRIE — NÚMERO 41
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Portanto, não vale a pena ter palavras bonitas quando as ações são feias.
Portugal é, há mais de duas décadas, autossuficiente em sangue. Os dadores e as suas associações
deram sempre um contributo generoso e decisivo para que esse objetivo fosse alcançado. É, por isso, muito
adequado que esses dadores vejam reconhecido o comportamento altruísta, voluntário e benévolo que
sempre tiveram.
Os dadores e as associações de dadores de sangue não têm tido o adequado reconhecimento por parte do
atual Governo, tendo em conta o seu generoso contributo para a saúde dos portugueses e para o Serviço
Nacional de Saúde. Não podemos deixar de lamentar esta posição do Governo e das bancadas do PSD e do
CDS no Parlamento.
A Sr.ª Conceição Bessa Ruão (PSD): — Com 5 milhões de doentes crónicos quem é que pode dar
sangue?!
O Sr. Nuno André Figueiredo (PS): — Esta maioria rejeitou, no Parlamento, as propostas do PS e do PCP
para isentar de pagamento das taxas moderadoras os dadores de sangue, propostas que tiveram o apoio de
toda a oposição.
O fim de isenção de pagamento das taxas moderadoras contribuiu claramente para a quebra de
fornecimento de sangue. Como já citei, e é notícia de hoje, houve uma quebra de 12% em 2012.
Lembro, a título de exemplo, as palavras de Alberto Mota, da Associação de Dadores Benévolos de
Sangue de Guimarães, que diz o seguinte: «Há uma percentagem muito grande de pessoas que se sentiu
prejudicada. A isenção não era um pagamento mas era certamente um incentivo ao dador de sangue. Com o
fim desta isenção das taxas moderadoras nas unidades hospitalares, o Governo em nada contribuiu para o
aumento da dádiva. Antes pelo contrário, contribuiu, sim, para uma clara redução».
Não podemos deixar de reconhecer que esta situação é grave e que é apenas consequência da teimosia
do Governo e do seguidismo cego destas bancadas parlamentares que o suportam. São os dadores de
sangue, as suas associações e grupos que alimentam o SNS, que alimentam as clínicas com sangue doado
voluntariamente através das suas ações de mobilização no terreno. Os dadores de sangue, com a sua
doação, dão ao Estado um grande contributo, o qual não podemos, de facto, qualificar.
Nesta circunstância, a isenção das taxas moderadoras no seu todo não é um pagamento aos dadores,
representa apenas um incentivo para que também novos cidadãos possam entrar neste circuito da dádiva de
sangue.
No último ano e meio, o sistema de recolha de sangue tem sofrido graves problemas e os dadores
sentiram-se maltratados. O PS continuará a lutar para que tal seja corrigido. A dádiva de sangue é um ato
solidário e voluntário de milhares de portugueses apenas com um único objetivo: contribuir para salvar vidas.
Esta é a atitude de cidadania que permite ao Estado ter sangue disponível para quem dele necessitar, e assim
deve continuar.
A Sr.ª Conceição Bessa Ruão (PSD): — Vai começar a dar sangue, Sr. Deputado?!
O Sr. Nuno André Figueiredo (PS): — Portanto, o PS entende que a isenção é um direito dos dadores,
por isso, é sem hipocrisia, porque sempre o defendemos e o defenderemos, que tudo faremos para que a
justiça seja reposta.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Carla Cruz para uma intervenção.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sr.as
Deputados: Gostaria de cumprimentar
os peticionários aqui presentes e de saudar a iniciativa que levaram a cabo.
Paralelamente à discussão da petição apresentada pelo Movimento de Associações de Dadores de
Sangue, estamos hoje a discutir um projeto de lei do Partido Ecologista «Os Verdes», que isenta os dadores