17 DE JANEIRO DE 2013
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É também por respeito que esse princípio se deve manter e não haver um escalonamento no acesso à
isenção, como hoje existe. Não! O que deve existir — e esta é a pretensão que os dadores voluntários de
sangue trazem através desta petição à Assembleia da República — é o acesso universal à isenção de
pagamento de taxas moderadoras no Serviço Nacional de Saúde. E isso, Sr.as
e Srs. Deputados, é muito
pouco aquilo que podemos e devemos fazer, em comparação com aquilo que os dadores de sangue fazem
para a saúde de todos os portugueses e portuguesas.
O Sr. Manuel Pizarro (PS): — Muito bem, Sr.ª Deputada!
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Hoje, foi notícia a quebra de 12%, pelo menos, nas dádivas de sangue em
2012. Temos de ser objetivos: sabemos que esta quebra tem muito a ver com toda a desorganização que este
Governo introduziu no Instituto Português do Sangue, tem muito a ver com isso, repito, mas também tem muito
que ver com o facto de ter sido retirada a isenção de taxas moderadoras aos dadores de sangue no nosso
País. Tem muito que ver com isso, Srs. Deputados!
Termino dizendo que o Bloco de Esquerda não só reafirma aqui, hoje, a sua proposta no sentido de que
deve ser universalmente garantida a isenção de taxas moderadoras no Serviço Nacional de Saúde aos
dadores voluntários de sangue mas também relembra que esta é uma matéria importante para nós. O Estatuto
do Dador de Sangue teve origem numa proposta do Bloco de Esquerda, e orgulhamo-nos disso!
Assim, trazemos novamente uma proposta nesse sentido à Assembleia da República e esperamos,
sinceramente, que os Deputados da maioria — os Deputados do PSD e do CDS — consigam alterar a sua
posição, olhar para os milhares de dadores voluntários de sangue no nosso País e tomar uma medida, no
mínimo, decente, e a decência implica a isenção das taxas moderadoras.
Aplausos do BE.
O Sr. Manuel Pizarro (PS): — Muito bem!
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para apresentar o projeto de lei n.º 330/XII (2.ª), de Os Verdes, tem a
palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Em primeiro lugar, gostaria de
saudar, em nome do Grupo Parlamentar de «Os Verdes», os cerca de 5000 cidadãos que subscreveram a
petição que agora estamos a discutir, bem como as 76 associações que apoiaram esta iniciativa, que foi
promovida e dinamizada pela Associação dos Dadores de Sangue do Distrito de Viana do Castelo, que solicita
a isenção do pagamento de taxas moderadoras aos dadores de sangue.
Uma saudação, ainda, em particular aos subscritores da petição que estão hoje aqui connosco.
Há uns meses, o Governo procedeu ao maior aumento dos valores das taxas moderadoras, ao mesmo
tempo que a isenção do pagamento destas taxas foi retirada a muitos cidadãos, até então isentos. Milhares de
pessoas que estavam isentas são agora obrigadas a pagar taxas moderadoras. Ora, entre os cidadãos que
perderam o direito à isenção das taxas estão os dadores de sangue, que até aqui usufruíam dessa isenção. E
isto ocorre porque o Decreto-Lei n.º 113/2011 veio limitar a isenção apenas às prestações em cuidados de
saúde primários, mas também as circulares normativas que deram sequência a esse diploma vieram impor
condições de acesso aos dadores de sangue, limitando ainda mais o acesso à isenção do pagamento das
taxas moderadoras.
Sucede que, posteriormente, o Estatuto do Dador de Sangue, aprovado pela Lei n.º 37/2012, de 27 de
agosto, elege como um dos direitos do dador de sangue a isenção das taxas moderadoras no acesso às
prestações do Serviço Nacional de Saúde e não apenas nas prestações em cuidados de saúde primários.
Portanto, importa, antes de mais, colocar em sintonia o Decreto-Lei n.º 113/2011 com o Estatuto do Dador de
Sangue, que, recorde-se, para além de se tratar de uma lei da Assembleia da República, é mais recente que
esse decreto-lei. É exatamente essa sintonia que se pretende com o projeto de lei que Os Verdes hoje
apresentam para discussão.