I SÉRIE — NÚMERO 41
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Porto pelo Conselho de Administração da RTP ao centralizar em Lisboa o programa Praça da Alegria sem que
se perceba qual é a sua verdadeira estratégia.
A RTP veio posteriormente anunciar que a produção do programa Praça da Alegria passava para Lisboa,
mas que o Porto iria ganhar um grande projeto. Sabemos já que se trata de um programa com a duração de
três horas que será transmitido aos sábados. Isto é, centraliza-se em Lisboa a produção de um programa
diário, rentável, que em 2012 deu um lucro de 3,8 milhões de euros, e oferece-se uma esmola ao Porto: um
programa com três horas semanais.
Perante a contestação unânime de todas as forças políticas regionais — autarcas, diversas personalidades
—, a RTP anunciou, entretanto, que a RTP2 passará a ser produzida no Porto. Mas com que orçamento? Não
informou. Quem o vai dirigir? Um diretor em Lisboa, claro.
Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Perante tão evidente atitude, centralista e macrocéfala, não será
pertinente questionarmo-nos se não chegou a hora de perguntar ao Sr. Deputado Paulo Rangel, do PSD, se
chegou a hora de encabeçar a manifestação de um outro 15 de setembro, na avenida dos Aliados, contra um
poder cada vez mais centralista e desrespeitador das capacidades existentes, espalhadas por todo o País,
como bem sugeriu recentemente numa entrevista?
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para apresentar o projeto de resolução n.º 572/XII (2.ª), do Partido
Ecologista «Os Verdes», tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Como é público, o
Conselho de Administração da RTP — Rádio e Televisão Portuguesa, manifestou recentemente a intenção de
transferir para Lisboa a produção de vários programas, nomeadamente o programa Praça da Alegria, sem
ninguém perceber porquê, sem ninguém perceber as razões ou os motivos desta intenção.
A Praça da Alegria é um programa que, desde o seu início, foi produzido no Centro de Produção da RTP
Porto. Trata-se de um programa diário, com um público generalista, que tem vindo a conhecer um sucesso
assinalável a nível nacional e que tem vindo também a constituir um excelente instrumento de divulgação da
região Norte do País, das suas atividades económicas, das suas gentes,dos seus costumes e das suas
culturas.
Por outro lado, o Centro de Produção da RTP Porto tem vindo a assumir-se como um instrumento
fundamental não só para o cumprimento do serviço público prestado aos cidadãos por parte da RTP, como
ainda tem vindo a permitir que a RTP consiga prosseguir o excelente trabalho que tem vindo a desenvolver,
baseado na proximidade às regiões e, desta forma, caminhar no sentido de uma maior coesão nacional e
contribuindo até para o desejável crescimento económico e social do País.
Acresce, ainda, que não é necessário grande esforço para se perceber que não existem quaisquer razões
de natureza económico-financeira para a transferência da Praça da Alegria ou de outros programas
produzidos no Centro de Produção da RTP do Porto para a RTP de Lisboa, porque, na verdade, juntamente
com o Jornal da Tarde, também produzido no Centro de Produção da RTP Porto, a Praça da Alegria encontra-
se no Top Três dos programas mais rentáveis do serviço público de televisão.
Aliás, quando foi tornada pública a intenção do Conselho de Administração da RTP de transferir para
Lisboa programas produzidos na RTP Porto, multiplicaram-se as vozes de protesto e de indignação e o
assunto chegou mesmo a ser objeto de debate no Plenário desta Assembleia.
Para além disso, esta pretensão do Conselho de Administração da RTP motivou várias ações de protesto,
debates e tomadas de posição, como foi o caso da Assembleia Municipal do Porto ou da Assembleia Municipal
de Vila Nova de Gaia.
Assim, a Assembleia Municipal do Porto aprovou, sem votos contra, uma moçãoproposta pela Coligação
Democrática Unitária, a CDU, contra o possível «encerramento do Centro de Produção do Norte» da RTP, e
através da qual a Assembleia Municipal do Porto manifestou a sua «oposição à perspetiva de uma estrutura
centralizada e macrocéfala», defendendo que «só assim é possível um verdadeiro serviço público de rádio e
televisão, com uma cobertura direta e de maior proximidade às regiões».