I SÉRIE — NÚMERO 41
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público de rádio e televisão, aquele que é 60% mais barato do que a média dos serviços públicos de rádio e
televisão da Europa, com canais 80% mais baratos do que a média europeia e que tem poucos centros de
produção. Porém, além do centro de produção de Lisboa, tem também o do Porto, que urge manter. O
Governo decidiu acabar com ele, houve muita contestação, ficou bastante aflito e, então, disse «vamos pôr lá
o canal RTP2».
Ora, o Governo ainda não disse o que quer fazer da RTP. Há um ano que tenta privatizar a RTP e há um
ano que a contestação, a luta dos trabalhadores e de toda a gente que quer o serviço público de rádio e
televisão consegue derrotar o Governo e manter a RTP pública, mas, na realidade, ninguém sabe o que a
maioria quer fazer à RTP.
A maioria diz que a Praça da Alegria sai do Porto e vai para lá o canal RTP2. Ora, isto é dizer nada, porque
a maioria ainda nem sequer disse se quer manter esse canal. Mais: o canal RTP2 é um canal particular, do
ponto de vista do serviço público, que tem como obrigação o apoio à produção audiovisual independente e,
portanto, muito justamente, a maior parte da sua produção não é feita na própria RTP, é feita na produção
independente. É assim nos serviços públicos de toda a Europa, as obrigações de políticas públicas para a
cultura e para o setor do audiovisual a isso obrigam.
Portanto, dizer que o centro de produção do Porto vai ficar com o canal RTP2 significa que vai fazer,
quando muito, o Sociedade Civil e o programa das confissões religiosas. Isto é grave, é muito grave, é
demagógico, mostra uma completa ausência de estratégia e mostra que este pode bem ser o passo para
acabar, de uma só penada, com o centro de produção do Porto e com o canal RTP2. É que, qualquer dia, vão
fazer as contas e dizer que o share de audiência daqueles programas que são feitos num centro de produção
é tão pouco e sai tão caro que mais vale acabar com a RTP2 e com o centro de produção do Porto. Esta é a
demagogia do Governo e a estratégia de matar a RTP que já conhecemos.
O Bloco de Esquerda agendou este projeto de resolução precisamente porque continua a opor-se à
estratégia de destruição da RTP e a dizer que o serviço público de rádio e televisão é parte integrante da
democracia.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem agora a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Paulo
Rios de Oliveira.
O Sr. Paulo Rios de Oliveira (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O tema que trazemos hoje
a discussão não é de importância menor e o PSD não se dissocia deste importante debate. Aliás, já
percebemos que existem vários projetos de resolução que nos separam mais do que nos unem.
A missão de serviço público tem — tem que ter — também por objetivo fundamental a promoção da coesão
nacional e do pluralismo de intervenção de pessoas, projetos e regiões.
O centro de produção da RTP Norte tem sido uma importante arma de afirmação e divulgação da região
Norte nas suas múltiplas vertentes: institucional, social, cultural, desportiva e económica.
Para aqueles que só agora chegaram a este debate, impõe-se recordar que nos últimos anos — a questão
não é nova, Srs. Deputados — o centro de produção do Norte tem vindo a perder peso, influência e espaço de
intervenção no contexto da própria RTP.
Sabemos que Portugal é um só na sua riqueza e diversidade, por isso este debate tem de ser um debate
nacional, pois o que interessa ao Norte interessa ao País e o que interessa ao País interessa ao Norte.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Paulo Rios de Oliveira (PSD): — Negar ou ocultar a visão, experiência e mundividência do Norte e
dos seus agentes é contrariar ou defraudar o esforço de coesão nacional a que o serviço público está
obrigado.
Vozes do PSD: — Muito bem!