I SÉRIE — NÚMERO 47
14
se inclui também os pagamentos por acordo voluntário e qual a percentagem que os mesmos representaram
no total nessa cobrança.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Nuno Sá (PS): — Peço a palavra, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para que efeito, Sr. Deputado?
O Sr. Nuno Sá (PS): — Sr. Presidente, queria pedir à Mesa para fazer distribuir dois documentos pelos
grupos parlamentares. Um deles é a página 6 do Memorando original, assinado entre o Estado português e o
governo de então, do Partido Socialista, onde, no ponto 1.30, se diz que serão cortados 350 milhões de euros
nas despesas sociais.
O outro documento consta da página 22 do Relatório do Orçamento do Estado para 2012, onde se diz que,
no plano de assistência financeira, não está previsto nenhum corte nas despesas sociais para além das que
referi e que, no Orçamento do Estado deste Governo, se prevê um corte de 0,1% do PIB.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Sr. Deputado, os referidos documentos serão distribuídos.
Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro da Solidariedade e da Segurança Social.
O Sr. Ministro da Solidariedade e da Segurança Social: — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados,
permitam-me que comece por responder à pergunta da Sr.ª Deputada Mariana Aiveca e também, de alguma
forma, às dos Srs. Deputados Jorge Machado e José Luís Ferreira.
Penso que há, de facto, uma diferença muito grande entre essas três bancadas e o resto da Câmara. As
bancadas, quer do Bloco de Esquerda, quer do Partido Comunista Português, quer do Partido Ecologista «Os
Verdes», parece que recusam reconhecer o ponto de partida em que o País foi colocado, em abril de 2011,
quando se viu forçado a pedir assistência externa financeira para poder honrar os seus compromissos mais
básicos, nomeadamente do Estado social, pagar pensões, pagar prestações sociais, mas também pagar os
vencimentos da função pública.
Por isso mesmo, os Srs. Deputados das três bancadas que referi têm sempre uma enorme dificuldade e,
perante a assistência financeira de que o País precisa para poder honrar os seus compromissos, a vossa
resposta é sempre: «rasgue-se o Memorando de Entendimento, corra-se com a troica de Portugal». Ora, nós
sabemos quais seriam as consequências de medidas como esta: colocar Portugal numa rota estrutural de
atraso, colocar Portugal fora da zona euro. Estas seriam as consequências das vossas políticas, as quais os
portugueses não seguiram e, nas eleições, deram uma maioria muito confortável a três partidos, que nesta
Assembleia representam mais de 80% dos Deputados, que, de alguma forma, apoiaram, subscrevam ou, no
caso do Partido Socialista, assinaram mesmo, o Memorando de Entendimento com a troica.
Protestos do PCP e do BE.
Por isso mesmo, Sr.ª Deputada, sabemos que cumprir o Memorando de Entendimento é essencial para
salvar o Estado social.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — E o relatório do FMI?!
O Sr. Ministro da Solidariedade e da Segurança Social: — E, para cumprir esse Memorando de
Entendimento, é preciso fazer alterações no Estado, na sua totalidade: na administração central, na
administração local e regional e no setor empresarial do Estado. Sr.ª Deputada, o próprio Memorando de
Entendimento prevê, de 2013 para 2014, uma redução da despesa do Estado da ordem dos 3,5 mil milhões de
euros.