1 DE FEVEREIRO DE 2013
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Permita-me, Sr. Deputado Pedro Farmhouse, que responda ao Sr. Deputado Artur Rêgo, que referiu, com a
maior das simplicidades, quanto ao despejo, que bastava opor-se. Basta opor-se, Sr. Deputado Raúl Rêgo?
Não leu a lei? Basta opor-se, não! Enquanto que para ativar o despejo basta fazer uma comunicação, para se
opor tem de ter advogado, é só por via eletrónica, tem de pagar taxa de justiça em mais de 200 € e tem de
depositar o valor das rendas. Sr. Deputado, não diga com essa ligeireza que basta opor-se!
Estamos a falar do direito à habitação e, Sr.as
e Srs. Deputados, o direito à habitação é ele também uma
garantia do exercício dos outros direitos. Vamos imaginar que ficamos sem a nossa própria casa; ficamos
imediatamente limitados no exercício de um conjunto de direitos. Por isso é que a Constituição dá tanta
importância ao direito à habitação, é disso que estamos a falar e isso exige outra lei, uma lei equilibrada, uma
lei que proteja os mais pobres, não é esta lei que tem o seu fim.
Quer que lhe dê outro exemplo da crueldade desta lei, Sr. Deputado? Esta lei diz que, em caso de despejo,
quando as pessoas não podem levar os seus bens, esses bens são sujeitos a inventário; se passado um mês
as pessoas não puderem levantar os bens, eles são dados como perdidos. Perdidos, Sr. Deputado! Seja o que
for, seja pouca coisa, seja a arca onde tem os seus trapinhos, seja alguma coisa, isto não pode ser! Isto é
verdade, Sr. Deputado. E sabe porque é que eu falo assim? O Sr. Deputado está a brincar…
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Não estou a brincar!
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Sr. Deputado, falo assim porque ando na rua, tenho falado com as pessoas e
sei do que falo.
Não posso terminar, Sr.ª Presidente, sem fazer um apelo a todas as bancadas, mas às bancadas do PSD e
do CDS-PP particularmente: vamos tratar esta lei, nem que seja do ponto de vista cirúrgico, mas vamos alterar
estes pontos que são extremamente penalizadores para quem mais sofre. Deem resposta, Srs. Deputados,
não se fechem atrás do muro desta lei! Vamos mudar aquilo que está hoje a estragar a vida das pessoas.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Freitas.
O Sr. Miguel Freitas (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Estamos numa fase decisiva da
negociação dos fundos estruturais, muito particularmente sobre o futuro da política agrícola comum, o que
determinará praticamente todas as ajudas à agricultura portuguesa até 2020.
O Parlamento Europeu deu um passo em frente. O resultado obtido na negociação sobre o futuro da
política agrícola comum no Parlamento Europeu pelo Eurodeputado Capoulas Santos tem um alcance político
que vai muito para lá dos números e merece uma atenção muito especial neste Parlamento.
Foi um acordo expressivo e muito significativo na defesa de uma consciência europeia sobre a importância
de manter uma política agrícola comum forte, isto é, contra propostas de cortes orçamentais drásticos e
absolutamente desproporcionados na PAC.
O resultado desta negociação no Parlamento Europeu, com uma nova chave de repartição de fundos,
reforça o envelope financeiro de Portugal em 350 milhões de euros. Não é o ponto de chegada mas é um bom
ponto de partida.
Aplausos do PS.
Relembro que Portugal obteve para 2007/2013 uma verba superior a 9000 milhões de euros de fundos
agrícolas; relembro ainda que, em 2005, num contexto de enorme dificuldade negocial, com a necessidade de
repartir o orçamento com mais 12 Estados-membros que estavam em processo de integração, foi possível
obter uma verba suplementar para o PRODER (Programa de Desenvolvimento Rural), no valor de 320 milhões
de euros.
Este foi um sinal claro dado na altura pelo governo do Partido Socialista sobre a importância da
modernização agrícola para Portugal.