I SÉRIE — NÚMERO 48
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Portanto, isto é absolutamente decisivo, sabendo-se que a posição do Primeiro-Ministro inglês também não
é favorável, pelo que o convido a agir, Sr. Deputado, junto do líder francês, o Sr. Hollande, para que possa
também fazer este caminho.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Mas, diga lá, vão deixar de pagar para não produzir?!
O Sr. Pedro do Ó Ramos (PSD): — Ou seja, não basta falar na Alemanha, como disse, há pouco, o
Deputado Abel Baptista, temos de envolver também a França neste debate, porque, se não, não é sério, Sr.
Deputado. Sabemos que, efetivamente, estamos num ambiente de forte restrição, pelo que não é possível
dizer que fizemos o nosso trabalho, ao nível do Parlamento Europeu, e que agora já não é necessário fazer
mais nada.
Registei, com agrado, a questão das quotas leiteiras e a posição do Partido Socialista. Não duvido que o
Sr. Deputado sempre defendesse a manutenção das quotas leiteiras, mas não deixa de ser curioso enaltecer o
trabalho do Eurodeputado Capoulas Santos, quando foi, durante muitos anos, defensor de que essas quotas
leiteiras deveriam terminar.
Mas, a este propósito, tem sido feito um trabalho por parte deste Governo junto de outros países, que já se
conseguiu que estejam de acordo com Portugal, para se estabelecer, também aqui, a tal medida de transição
que é absolutamente essencial.
Sr. Deputado, vou terminar, dizendo-lhe algo que me preocupa e que, penso, também preocupará o Sr.
Deputado.
Nos dias 7 e 8, vamos ter uma definição do orçamento comunitário 2014/2020 — espera-se! —, mas a
Comissão Europeia já veio dizer que, pelo atraso nessa definição do orçamento e também da reforma da
política agrícola comum, provavelmente, a implementação da política agrícola comum será feita a duas
velocidades, ou seja, vamos ter umas medidas aprovadas e em vigor em 1 de janeiro de 2014 e, outras, em 1
de janeiro de 2015. Ora, provavelmente, isto vai provocar confusão nos nossos agricultores, nomeadamente
no que diz respeito a medidas transitórias.
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Pedro do Ó Ramos (PSD): — Vou já terminar, Sr.ª Presidente.
Gostaria que o Sr. Deputado nos pudesse esclarecer qual a posição do Partido Socialista relativamente a
esta dificuldade que vai existir para os agricultores portugueses e europeus, em virtude desta décalage na
implementação da reforma.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Freitas.
O Sr. Miguel Freitas (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Pedro do Ó Ramos, agradeço as suas
questões e considerações, mas, repito, não estamos aqui num jogo de quem cria mais ou menos expectativas
relativamente à negociação da reforma da PAC, o que estamos aqui a fazer, do ponto de vista político, é a
dizer que é importante sentir que o Governo português coloca esta questão, do ponto de vista negocial, no
cimo das suas prioridades. Esta é que é a questão essencial: está ou não no topo das suas prioridades
negociais, em termos de fundos estruturais?
Em segundo lugar, repito, queremos também saber qual é a «linha vermelha» do Governo relativamente a
esta matéria. Queremos saber onde é que o Governo considera que deve agir de forma determinada, nesta
matéria, numa negociação em Conselho Europeu de Agricultura e na Cimeira de Chefes de Estado
relativamente ao orçamento, porque essa é uma questão essencial.
O que se conseguiu no Parlamento Europeu foi uma chave de repartição de fundos que melhora a posição
negocial relativa de Portugal, no futuro, em Conselho Europeu. Isto é, no Conselho Europeu há, neste
momento, duas propostas, Sr. Deputado. Existe a proposta da Comissão, que já é favorável aos interesses
nacionais, mas existe ainda uma outra posição, que é a do Parlamento Europeu, porque, havendo hoje