1 DE FEVEREIRO DE 2013
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codecisão, naturalmente, o Conselho já não tem a mesma margem de manobra, a mesma liberdade de agir
que tinha no passado, pois tem que ouvir o Parlamento Europeu.
Portanto, a posição de força do Parlamento Europeu é importante para os interesses nacionais. E é
evidente que aquilo que lhe quero aqui dizer, com muita frontalidade, é que o Partido Socialista está
disponível, tanto no Parlamento Europeu como no Parlamento nacional, para trabalhar com o Governo no
sentido de garantir que este resultado seja bom para Portugal. Não esperamos que este seja um mau
resultado para os agricultores portugueses. Mal seria se alguém pensasse que estávamos aqui a fazer um
exercício de cinismo sobre esta matéria!
O que queremos é saber, com muita clareza, se esta é uma prioridade, até onde o Governo quer chegar
com esta negociação e se, naturalmente, colocará em cima da mesa a questão da especificidade da
agricultura portuguesa.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — O próximo pedido de esclarecimento é do PCP. Tem a palavra, para o efeito, o Sr.
Deputado João Ramos.
O Sr. João Ramos (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Miguel Freitas, esta é, sem dúvida, uma
matéria de grande atualidade, que neste momento está em cima da mesa e que precisamos de acompanhar
com a maior atenção. E não me refiro só às questões da definição de política agrícola comum mas também as
questões financeiras, que já foram aqui mencionadas. Parece-nos que se trata de matérias que merecem
grande preocupação e que devemos acompanhar.
Refiro-me, por um lado, à intenção que há de juntar todos os fundos europeus num único regulamento. Isto
certamente com o intuito de esconder os menos 36 000 milhões de euros que estarão disponíveis para os
fundos financeiros, o que nos deve merecer grande preocupação.
Por outro lado, em matéria de categoria das regiões, também terá implicações no nosso país o surgimento
de uma nova categoria, que são as regiões de transição, as quais podem concorrer com as regiões de
convergência, que são as que temos maioritariamente em Portugal, no acesso aos fundos. Esta é uma matéria
de grande preocupação e que deve ser acompanhada.
Conhecemos a relação da agricultura portuguesa, e até dos sectores produtivos em Portugal, com a
política agrícola comum, com a União Europeia e com as políticas da União Europeia, as quais compraram o
desmantelamento de muitos dos nossos sectores produtivos, através dos fundos comunitários. Isto, aplicado à
agricultura, resultou num sistema de pagar para não produzir,…
Vozes do PCP: — Exatamente!
O Sr. João Ramos (PCP): — … que levou a que muitos agricultores tivessem abandonado a atividade e a
que muita terra tivesse sido abandonada. Curiosamente, agora, este sistema de pagar para não produzir é
muito renegado por aqueles que o andaram a promover.
Sem dúvida, a política agrícola comum, na perspetiva do PCP, tem sido um instrumento para destruir a
agricultura nacional. Também conhecemos anteriores revisões da PAC em que as coisas começaram muito
bem, até com aspetos positivos e valorizados pelos agricultores portugueses, os quais posteriormente viram
as suas expetativas defraudadas, pois os instrumentos finais não correspondiam aos interesses do nosso país.
É por isso que o PCP tem reafirmado que os instrumentos financeiros da União Europeia estão ao serviço
dos maiores países, dos países da Europa Central, e têm sido prejudiciais para os países periféricos e para os
países mais pequenos, como Portugal.
Nesse sentido, Sr. Deputado, gostava de perguntar-lhe se, na sua perspetiva, a existência da política
agrícola comum é suficiente ou se pensa que o País deveria ter uma política nacional agrícola que defendesse
os nossos interesses e que fizesse frente às imposições da política agrícola comum.
Aplausos do PCP.