I SÉRIE — NÚMERO 48
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A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra, para responder, o Sr. Deputado Miguel Freitas.
O Sr. Miguel Freitas (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado João Ramos, a existência de uma política
agrícola comum requer, naturalmente, também uma política nacional favorável à agricultura e aos agricultores
portugueses. Mas devo dizer-lhe que, na nossa opinião, os instrumentos da política agrícola comum marcam
de forma determinante a política nacional.
Portanto, este é um momento essencial, porque estão em discussão, no âmbito da política agrícola comum,
instrumentos que são essenciais para a política nacional agrícola. Isto é fundamental!
Queria aproveitar esta oportunidade para dizer que houve mais duas ou três matérias essenciais para a
agricultura portuguesa. A primeira matéria é, desde logo — como disse e muito bem —, a definição de
agricultor ativo. Isto é, com esta reforma só têm ajudas agricultores que tenham um determinado rendimento a
partir da agricultura. Este é um aspeto que consideramos positivo.
No que respeita à proposta que saiu do Parlamento Europeu, um segundo aspeto que consideramos
positivo é que ficam isentos de mais exigências, de grandes exigências ambientais, cerca de 80% dos
pequenos agricultores. O que é que isto significa? Significa que há uma maior desburocratização e menos
controlo por parte do Estado.
O Sr. Deputado sabe que devolvemos, todos os anos, dinheiro a Bruxelas graças à burocracia da política
agrícola comum. Portanto, simplificar a agricultura, simplificar a política agrícola comum é essencial para a
política agrícola nacional.
A terceira questão é a do regadio. Na proposta do Parlamento Europeu também é prevista a possibilidade
de voltarmos a investir em regadio, e quão importante é a água para a agricultura portuguesa! A agricultura só
é competitiva se tiver água e, portanto, ter mais regadio em Portugal é essencial. Isto, para nós, é outro
elemento fundamental.
Queria terminar referindo um aspeto, que certamente partilhamos com o Partido Comunista Português, que
é a ideia de plafonamento.
Há uma proposta do Eurodeputado Socialista Capoula Santos no sentido de que nenhum agricultor possa
vir a receber mais de 300 000 € de ajudas diretas. Ora bem, esta é uma batalha que o Partido Socialista tem
vindo a fazer. Tem-na feito em Conselho Europeu, desde 2000, para que haja plafonamento das ajudas.
Esperamos que à terceira seja de vez, porque esta também é uma questão essencial para a agricultura
portuguesa.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — A próxima declaração política é do CDS-PP. Tem a palavra, para o efeito, o Sr.
Deputado Raúl de Almeida.
O Sr. Raúl de Almeida (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
Deputadas, Srs. Deputados: Vivemos
momentos que têm sido de grande dificuldade para todos os portugueses. Não o ignoramos, sabemos a
dificuldade de dar a cara por políticas de rigor e contenção, não fugimos à prestação de contas, que é sempre
exigível aos titulares de cargos políticos e que momentos como o atual reforçam.
Governar implica sempre fazer opções, tomar decisões. Quanto mais exigente é a conjuntura, mais difíceis
são as opções, mais criteriosas têm que ser as decisões.
O cumprimento do plano a que Portugal se submeteu perante a troica, pela mão do Partido Socialista e
com o sentido de responsabilidade dos partidos do arco da governabilidade, o PSD e o CDS, implicaria e
implica um pacote de privatizações como um dos meios de permitir o alcance das metas acordadas.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Raúl de Almeida (CDS-PP): — Quanto a nós, as privatizações fazem sentido quando geram uma
mais-valia real para o País. Sentimo-nos confortados por verificar que o Governo age neste estrito
pressuposto.