1 DE FEVEREIRO DE 2013
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O Sr. João Oliveira (PCP): — Bem lembrado!
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — … e todos os indicadores (montantes absolutos, média por habitante e
percentagem do PIB) surgem abaixo da média europeia.
À boleia do argumento de que os contribuintes não estão dispostos a pagar duplamente a RTP, o Governo
antevê a retirada da indeminização compensatória, possibilidade para a qual o PCP já tinha alertado,
pretendendo que a empresa sobreviva apenas com as receitas das taxas de audiovisual e da sua atividade
comercial.
Sr.ª Presidente e Srs. Deputados, o que os contribuintes não estão mais dispostos a pagar são as
benesses e os fundos transferidos para os bancos.
Sejamos claros: não é possível assegurar aos cidadãos serviços públicos de rádio e televisão em
qualidade, quantidade e extensão sem a atribuição das correspondentes contrapartidas por parte do Estado.
Por fim, mas não menos importante, o plano de reestruturação da RTP prevê o encerramento definitivo das
emissões em onda curta, num completo desrespeito e desvalorização das comunidades portuguesas na
diáspora (aquela que, incentivada pelo Governo, cresce diariamente como única resposta à grave situação
económica e social que o País vive) e dos trabalhadores dos transportes marítimos e rodoviários que estão
afastados do território nacional.
Sr.ª Presidente e Srs. Deputados, o serviço público de rádio e televisão não é uma aquisição da
democracia, é um pilar da democracia,…
Vozes do PCP: — Muito bem!
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — … é um fator fundamental para a cultura, a cidadania, a soberania e a coesão
nacionais.
O PCP reitera que não pode haver serviço público sem propriedade e gestão pública da RTP.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Daqui defendemos que, num momento tão grave como aquele que
atravessamos por imposição do pacto de agressão das troicas (a de lá e a de cá), é necessário defendermos
os serviços públicos, é necessário que estes sejam fortes, estruturados e relevantes.
Aos trabalhadores da rádio e televisão pública e aos portugueses o PCP reafirma que, à semelhança de
outras medidas contidas no pacto de agressão subscrito pelo PS, pelo PSD e pelo CDS, só a luta poderá
travar este processo de desmantelamento e de degradação do serviço público e abrirá caminho à construção
de uma política alternativa, uma política patriótica e de esquerda.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
A Sr.ª Presidente: — Inscreveram-se, para pedir esclarecimentos, os Srs. Deputados Cecília Honório, do
Bloco de Esquerda, Manuel Seabra, do PS, e Francisca Almeida, do PSD, a quem a Sr.ª Deputada Carla Cruz
pretende responder individualmente.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Cecília Honório.
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Carla Cruz, quero saudá-la pela intervenção
que fez e pelas preocupações que aqui trouxe sobre o futuro do serviço público de rádio e televisão, sobretudo
quando recorda que o mesmo é muito mais que uma conquista da democracia, é um pilar da democracia.
Sr.ª Deputada, vou deixar-lhe um desafio, ao qual o CDS não quis dar qualquer resposta.
O Sr. Honório Novo (PCP): — Não quis, não, teve medo!