1 DE FEVEREIRO DE 2013
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O Sr. Honório Novo (PCP): — Ideia mentirosa!
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — … que acompanha o raciocínio da direita, que é o ataque ao serviço público, a
tudo aquilo que é de todos os portugueses.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
A Sr.ª Presidente: — O próximo orador a colocar pedidos de esclarecimento é o Sr. Deputado Manuel
Seabra, do PS.
Tem a palavra, Sr. Deputado.
O Sr. Manuel Seabra (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Carla Cruz, saúdo-a
pela intervenção que fez.
Quero começar por lhe dizer o seguinte: há, de facto, um consenso nacional contra a forma altiva, contra a
forma sobranceira como o Governo tem tratado o serviço público e como o Governo tem tratado a RTP. Esta é
só mais uma peça nesse puzzle de irresponsabilidade.
Por isso, surpreendidos com as declarações de ontem do Presidente da Radiotelevisão Portuguesa, os
Deputados do Partido Socialista na 12.ª Comissão requererão a presença do Sr. Presidente da RTP para aqui,
no Parlamento, se explicar.
É evidente que temos, sobre essas explicações, a dúvida que resulta do facto de já irmos no quinto ou
sexto cenário desde que começou esta saga, desde que começou esta interminável novela da RTP.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É um filme de terror!
O Sr. Manuel Seabra (PS): — Começámos por ouvir falar em privatizar, depois passámos para
concessões, a seguir para encerramentos e, finalmente, para empréstimos e sei lá bem o quê!
Mas a verdade é que, com proclamações solenes e definitivas, o Sr. Ministro Miguel Relvas já falou várias
vezes em vários cenários, e eram todos tão definitivos que, ao fim de três meses, acabavam por cair.
Mas não foi só o Ministro Relvas que falou; houve várias vozes no Governo que entre o «empresta»,
«concessiona», «vende», «arrenda», «fecha», se pronunciaram, como, por exemplo, o Ministro José Pedro
Aguiar Branco ou o encarregado geral para as privatizações António Borges. De todos fomos ouvindo vários
cenários.
Aliás, o Governo trata a RTP como o lavrador trata a sua herdade: «Este ano ponho leguminosas, para o
ano talvez vinho de mesa, no ano seguinte olival». E é com esta ligeireza, com esta irresponsabilidade, que o
Governo olha para uma coisa absolutamente nuclear no património imaterial dos portugueses, que é a
Radiotelevisão Portuguesa.
Aplausos do PS.
Temos, porém, uma esperança, que é a de que este cenário, tal como os outros, tenha o prazo de validade
que os outros tiveram, ou seja, muito curto, de que este cenário não dure mais do que dois ou três meses.
O drama, Srs. Deputados, é o de que, por muito pouco tempo que dure este cenário, existem nele muitas
centenas de trabalhadores que vão para a rua e, ao contrário do que aconteceu nos outros, em que o efeito foi
o da desvalorização da RTP, a desvalorização de um ativo para o vender mais barato,…
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Manuel Seabra (PS): — Termino já, Sr.ª Presidente.
Desta feita, para além do elemento de desvalorização do ativo, temos o elemento de despedimento dos
trabalhadores e, desse ponto de vista, não posso estar mais de acordo com as preocupações que a Sr.ª
Deputada expendeu.