I SÉRIE — NÚMERO 49
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O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Abrindo a porta!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Porém, é evidente que ele, depois, tem que ter conclusões.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — E o Parlamento, que é a Casa da democracia, é por excelência a Casa da
integração política em que essas conclusões têm de ser assumidas.
Sr. Deputado, julgo que nenhum Deputado desta Câmara, pertença a que partido pertencer, se pode eximir
desse debate e de tirar as suas conclusões, repito, as suas conclusões. Porque não pode haver debate mais
transparente do que aquele que ocorre no Parlamento, pois pode ser escrutinado por todos os portugueses.
Não precisamos de estar todos de acordo, mas precisamos de saber o que se propõe.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Ora, Sr. Deputado, há uma coisa que hoje sabemos, infelizmente: é que,
enquanto o Governo tem procurado alimentar este debate com perspetivas, com números, com possibilidades
de decisão, a oposição tem-se colocado naquele «balcão» extraordinário em que espera que o Governo
proponha tudo para que a oposição triture tudo. Mas, até hoje, a oposição ainda não aproveitou efetivamente
essa oportunidade para dizer: «Ora, aqui estão a nossas propostas», seja para a poupança permanente do
Estado, seja para o crescimento da economia!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Protestos do Deputado do PS António José Seguro.
E até hoje, Sr. Deputado, temos assistido a um exercício de contorcionismo e de contradição permanentes
no que respeita à oposição. E nesse aspeto, infelizmente, não se tem notado diferença entre o maior partido
da oposição e os partidos com um discurso mais radical.
Posso, pois, dizer que a oposição não quer cortes na despesa, não quer impostos, não quer défice, não
quer recessão,…
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Não, não quer recessão!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … não quer fazer nenhum sacrifício e acha que basta ser oposição para que o
País acredite que por milagre, sem cortes, sem impostos, sem défice, sem recessão, sem sacrifícios, sem
nada, o País crescerá, investirá e poderá fazer o milagre da economia!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. António José Seguro (PS): — Que triste figura!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, concluo dizendo que o Governo fez o que tinha a fazer e
continuará a fazer o que precisa de ser feito para que despesas possam ainda ser cortadas em termos
permanentes, para que seja possível reduzir a dívida pública a fim de que possamos aliviar a carga fiscal e,
ainda, defender investimento público, o qual é necessário e para o qual, hoje, não temos meios. Iremos fazê-
lo.
Acompanho o Sr. Deputado dizendo que estou muito preocupado por ver que há, no Parlamento, quem não
queira fazer este debate. Mas, Sr. Deputado, o País não pode ficar sentado à espera do oportunismo,
eternamente.