I SÉRIE — NÚMERO 53
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O Sr. António Filipe (PCP): — E a luta continua!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — E os swaps?! E os juros?! Quanto é que custam ao erário público?!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — A Metro de Lisboa perde mais de 800 000 €, em greves, num só ano.
Sr.ª Presidente, nenhum português de bom senso, de esquerda ou de direita, com ou sem partido político,
com ou sem swaps, apoiante ou não deste Governo, acha normal que empresas públicas deficitárias,…
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Deficitárias, porquê?
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — … que exigem um enorme esforço dos contribuintes, do dinheiro de
todos nós, ainda que no exercício de um direito, possam pôr em causa os direitos e o esforço de todos.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A política não é a opção entre o bem e o mal, mas entre o inaceitável e o preferível.
É neste contexto que devemos caminhar, com responsabilidade, enfrentando os desafios, que são muitos e
difíceis, no exercício de direitos fundamentais, mas também no respeito pelos direitos igualmente
fundamentais de todos!
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Deputado Hélder Amaral, inscreveram-se, para pedir esclarecimentos, os Srs.
Deputados Basílio Horta, do PS, Ana Drago, do BE, Bruno Dias, do PCP, e Nuno Matias, do PSD.
Não sei como pretende responder, Sr. Deputado…
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Dois a dois, Sr.ª Presidente.
A Sr.ª Presidente: — Fica registado, Sr. Deputado.
Assim sendo, tem a palavra, em primeiro lugar, o Sr. Deputado Basílio Horta.
O Sr. Basílio Horta (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Hélder Amaral, não sei se a parte politicamente
mais importante do seu discurso não foi a parte final, que poderíamos chamar, um pouco, antigreves, porque,
na parte económica, o Sr. Deputado esqueceu-se de aspetos fundamentais que devia reconhecer, se quer
fazer uma análise credível para os portugueses.
Falou na ida aos mercados antes do tempo. Bom, a ida aos mercados, se tal se pode chamar, com o BCE
a topar e a garantir toda a dívida e um conjunto de bancos a garantir a dívida, admitindo que seja uma boa
notícia — notícia, aliás, partilhada pela Espanha, pela Irlanda e pela Itália —, tem um problema, que é o de dar
conteúdo útil a essa notícia. E qual é o conteúdo útil que o senhor vê? Qual é a previsão de recessão para
2013? É de 1,9% — o dobro daquela que o Governo previa. E a Universidade Católica fala em 2,4%. Qual é a
dívida? Num mês, tem praticamente a dívida de todo o ano, ou seja, 125%. E o desemprego? Aproxima-se
dos 17%. Com que economia é que o Sr. Deputado Hélder Amaral conta para pagar a dívida? Com que
economia é que o Sr. Deputado conta para fazer face ao desemprego?
O Sr. Mota Andrade (PS): — Boa pergunta!
O Sr. Basílio Horta (PS): — Não tem economia para isso! E não tem economia, porque o senhor continua
a somar austeridade a austeridade.
O Banco Central Europeu tinha dois alicerces: um, era o monetarista, mas este está levantado, porque
invadiu a Europa com dinheiro; o outro é o da austeridade.