I SÉRIE — NÚMERO 53
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A Sr.ª Presidente: — Terminou o tempo de que dispunha, Sr.ª Deputada Ana Drago.
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Como não tenha o descaramento de dizer que são os trabalhadores do setor
público de transportes que têm a culpa das dificuldades do setor empresarial do Estado.
Sabe bem, ou devia saber, que 84% dos prejuízos do setor público dos transportes vêm dos juros da dívida
por ausência do pagamento compensatório do Estado.
A Sr.ª Presidente: — Terminou o tempo, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Portanto, Sr. Deputado, não há nada para os senhores se orgulharem neste
debate. Nada! A vossa política está a dar cabo do País, está a agravar o desemprego! Este número — 923
000 desempregados — é o «sucesso» da vossa política.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Hélder Amaral.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, quero cumprimentar o Sr. Deputado Basílio Horta, meu
caro amigo, e dizer-lhe que não posso estar totalmente de acordo com a intervenção que V. Ex.ª aqui fez.
É um facto indesmentível, confirmável, que, em 30 de janeiro de 2012, os juros eram 22,87% e que, em 30
de janeiro de 2013, eram de 5%.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Até um mau aluno em Matemática percebe que estamos no bom
caminho e que este é um dado positivo. Poderemos querer dizer: «bom, mas podia ser melhor.» Talvez! Mas,
ainda assim, é positivo.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Registo e concordo com todos os alertas que fez dos riscos e dos
perigos que enfrentamos, nomeadamente as exportações, e digo-lhe que o acompanhamos. Julgo que estará
de acordo comigo quando digo que tudo de bom que possa acontecer a Espanha pode ser bom para nós e
que tudo de mau que possa acontecer a Espanha, seguramente, terá efeitos na nossa vida interna.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Daí não escondermos nem ignorarmos que, de facto, o contexto
europeu e da zona euro é-nos totalmente adverso.
Ainda assim, eu não queria retirar nenhum mérito ao esforço dos trabalhadores e dos empresários, que
conseguiram, apesar destas dificuldades, encontrar outros mercados. E nesses está a correr bem. Teremos
que fazer mais e melhor. É verdade! Mas foi isso que quis realçar no meu discurso e foi para esse aspeto
positivo que quis chamar a atenção.
Mas, desculpe que lhe diga mais uma vez — e não esperava isso de V. Ex.ª —, começo a ter já alguma
saudade daquele Partido Socialista que residia nos resquícios do PEC 4, que era aquele Partido Socialista que
dizia que «quanto mais a luta aquece, mais força tem o PS», porque agora, quanto mais a luta aquece e mais
as dificuldades se apresentam, mais foge o PS e mais o PS está ausente.
O Sr. António Filipe (PCP): — É verdade!