15 DE FEVEREIRO DE 2013
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O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. António Filipe (PCP): — Mas dizia eu que, como o Sr. Deputado disse, há quem tenha
responsabilidades jurídicas que não são compatíveis com as opiniões que anda a expressar e há quem crie
esta confusão em nome de uma agenda política.
Em todo o caso, creio que, independentemente das posições que cada um assuma, é importante que
essas posições sejam claramente assumidas, para todos sabermos do que estamos a falar e o que estamos a
discutir.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. António Filipe (PCP): — Nós falamos com a tranquilidade de quem se opôs à aprovação da lei sobre
limitação de mandatos, e assumimo-lo, mas o que estamos, agora, aqui a discutir não é isso, o que estamos
aqui a discutir é o que está na lei e o que a Constituição permite que esteja na lei.
A Sr.ª Teresa Leal Coelho (PSD): — Exatamente!
O Sr. António Filipe (PCP): — É que, sendo uma lei restritiva de direitos fundamentais, ela não pode ser
interpretada num sentido extensivo, ou seja, para que se faça com que diga aquilo que lá não está dito, no
sentido da restrição dos direitos fundamentais dos cidadãos a candidatarem-se a cargos públicos em
condições de igualdade, mas também dos direitos fundamentais dos cidadãos a elegerem livremente os seus
representantes.
É bom não esquecer que as eleições autárquicas, como as demais eleições em Portugal, são eleições
livres e é o povo que exerce o poder político, nos termos previstos na Constituição, porque Portugal é uma
República baseada na soberania popular. E se há pessoas que, descontentes com os resultados eleitorais,
sejam eles onde forem, pensam que a melhor solução seria a de mudar de povo, não é essa a nossa posição.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. António Filipe (PCP): — É este o povo que temos, é este o povo que decide os autarcas que quer
ter e as restrições que sejam feitas, em nome da defesa de outros direitos fundamentais, não podem limitar o
essencial do direito dos cidadãos a poderem candidatar-se, a serem eleitos e a submeterem-se ao livre
sufrágio dos seus concidadãos.
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. António Filipe (PCP): — Vou terminar, Sr.ª Presidente, dizendo que quisemos deixar aqui
claramente expressa a nossa posição, que é a de que esta lei não pode ser interpretada de forma não
conforme à Constituição, no sentido de introduzir restrições de direitos fundamentais que não estão
expressamente previstas na lei.
Aplausos do PCP e do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Fazenda.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado António Filipe, o Bloco de Esquerda votou a
favor da lei de limitação de mandatos, o PCP votou contra. É uma circunstância adquirida e, por isso,
entendemos a sua intervenção numa linha de coerência com aquelas que foram as posições assumidas pelo
seu grupo parlamentar.
Vamos, então, à questão.