15 DE FEVEREIRO DE 2013
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o salário mínimo em 24% (isso mesmo, em 24%!) porque «quem trabalha a tempo inteiro não pode viver na
pobreza».
Mais pessoas a receber, e a receber salários mínimos dignos, são mais pessoas a consumir, a gerar
emprego, e menos a receber apoios do Estado. Se isto parece evidente é porque é evidente. É o bom senso,
Sr.as
e Srs. Deputados, que aqui mesmo, há menos de um mês, votaram contra o aumento do salário mínimo
nacional.
Sr.as
e Srs. Deputados, continuar a mesma política quando os seus resultados estão a destruir o emprego e
a economia a uma velocidade vertiginosa, não é apenas teimosia, é uma irresponsabilidade.
Continuar a mesma política, esperando resultados diferentes, não é coerência, é fanatismo ideológico. O
fanatismo ideológico que leva o Primeiro-Ministro a dizer, como afirmou ontem, que está a «construir uma
economia mais criativa, mais produtiva e assente nos mercados externos». Não há nenhuma criatividade
nesta destruição da economia, é apenas uma outra palavra para o objetivo de sempre: empobrecer,
empobrecer o País e os cidadãos.
Este resultado não é um incidente, é um caminho trilhado com notável coerência por um Governo que tem
um programa bem claro: transferir o que puder dos rendimentos do trabalho para o capital, desregular as
relações laborais e sociais. Um projeto de revanchismo ideológico contra os direitos sociais e democráticos
pelos quais tantos e tantas, com tanto sofrimento, tanto lutaram.
Sr.as
e Srs. Deputados do PSD e do CDS, estejam certos de que há hoje também quem esteja disposto a
lutar, quem não desista do País, da democracia e da solidariedade. Há um País que não se resigna!
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Sr.ª Deputada Catarina Martins, inscreveram-se, para pedirem esclarecimentos, os
Srs. Deputados José Alberto Lourenço, do PCP, e Carlos Zorrinho, do PS.
A Sr.ª Deputada informou a Mesa que pretende responder após cada pedido de esclarecimento.
Tem a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado José Alberto Lourenço.
O Sr. José Alberto Lourenço (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Catarina Martins, concordamos
com o diagnóstico que aqui fez da situação. Os dados são, na verdade, extremamente preocupantes: o PIB
está a cair há oito trimestres seguidos, o investimento, em Portugal, está a níveis de 1996 e o desemprego tem
níveis estratosféricos. Vale a pena olhar para os dados sobre o desemprego do início deste século e verificar
que, quando comparados com os atuais, estes praticamente quintuplicaram. A situação é, sem dúvida,
extremamente preocupante.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. José Alberto Lourenço (PCP): — Entendemos que este não é o caminho certo, este é um caminho
que nos vai, inevitavelmente, levar à ruína.
Entendemos que o País deve apostar na substituição de importações, na produção nacional, no apoio às
pequenas e médias empresas, no aumento do poder de compra dos trabalhadores!
Às vezes, pensamos que, nesta Assembleia da República, neste momento, apenas falta que a direita
aprove um projeto de resolução que «decrete» o aumento do salário mínimo, mas não aqui, na Alemanha, na
França, em Espanha, em Itália, nos nossos principais mercados! Mas aqui, em Portugal, não há ordem para
aprovar o aumento do salário mínimo nacional. Aqui, não! Aqui, é cortar nos salários, aqui é reduzir as
pensões, enfim, todo esse conjunto de políticas.
A pergunta que lhe queria deixar é a seguinte: qual é a justificação que encontra para que se continue este
tipo de políticas, que está provado que conduzem a estes resultados?
O único erro que este Governo comete é que os seus resultados nefastos pecam por defeito, quando diz
que, para este ano, a taxa de desemprego é de 16,4% mas, ainda não começou o ano, já está em 16,9%,
quando diz que o PIB, este ano, vai cair 1% e todas as previsões de entidades idóneas apontam para 1,9, 2,2,
2,3%, e «ainda a procissão vai no adro».
Por fim, pergunto-lhe: não considera que está na hora de dar a palavra ao povo e demitir este Governo?